domingo, 25 de maio de 2014

MINHA APARENTE DECEPÇÃO COM O FESTIVAL DE CANNES 2014:

Não acho que a concessão da Palma de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Cannes ao filme turco “Winter Sleep” (2014, de Nuri Bilge Ceylan - justificadamente premiado no Festival, em edições anteriores) seja imerecida: os filmes deste cineasta a que tive acesso até então demonstram que, de fato, ele é muito talentoso e autoral. Mas os demais prêmios me pareceram tão equivocados... Em minha opinião, conceder o prêmio de Melhor Direção a Bennett Miller [por “Foxcatcher” (2014)] soa como um desmantelo, mas não me esquivarei de conceder o benefício da dúvida a este realizador: é uma possibilidade remota, mas quem sabe o filme não me conquista?

Tudo bem que não se possa falar muita coisa sem ter visto nenhum dos filmes, mas a safra deste ano não possuía o mesmo fulgor de anos anteriores: os filmes novos de David Cronenberg [“Maps to the Stars” (2014)], Bertrand Bonnello [“Saint Laurent” (2014)], Jean-Pierre & Luc Dardenne [“Deux Jours, Une Nuit” (2014)], e Ken Loach [“Jimmy’s Hall” (2014)] não me atraíam tanto, apesar de me deslumbrar pelos títulos recentes de Jean-Luc Godard [“Adieu au Langage” (2014)], Mike Leigh [“Mr. Turner” (2014)], Olivier Assayas [“Sils Maria” (2014)], Naomi Kawase [“Still the Water” (2014)], Tommy Lee Jones [“The Homesman” (2014)], Abderrahmane Sissako [“Timbuktu” (2014)] e Atom Egoyan [“Captives” (2014)]. Nutri uma forte curiosidade em conhecer o argentino Damián Szifrón [e seu “Relatos Salvajes” (2014)], ao passo em que me apressava em rejeitar potencialmente as obras atuais de Xavier Dolan [“Mommy” (2014), premiado ‘ex-aecquo’, ao lado de Jean-Luc Godard, urgh!] e Michel Hazanavicius [“The Search” (2014)]. Não transferirei esta rejeição para a prática espectatorial, entretanto: tão logo eu me depare com estes filmes, os verei, os analisarei cuidadosamente.

 Não tenho dúvidas de que Julianne Moore e Timothy Spall tenham justificado as suas láureas nos filmes cronenberguiano e leighiano, respectivamente, mas depositarei algumas esperanças no italiano “Le Meraviglie” (2014, de Alice Rohrwacher), que recebeu o Grande Prêmio do Júri. O filme vencedor do Melhor Roteiro foi “Leviathan” (2014, de Andrey Zvyagintsev), sobre o qual deposito expectativas semelhantes às anteriores, mas repito o que foi dito no título: o Festival de Cannes deste ano me decepcionou! O júri comandado por Jane Campion e que contava com Jia Zhang-Ke, Sofia Coppola, Gael García Bernal, Willem Dafoe e Nicolas Winding Refn entre os integrantes não foi tão feliz. Pena...

Na seção Un Certain Regard, capitaneada pelo argentino Pablo Trapero, foi premiado o filme húngaro “White God” (2014, de Kornél Mundruczó) e, na competição, ainda havia “Lost River” (2014, de Ryan Gosling), “Jauja” (2014, de Lisandro Alonso), “La Chambre Bleue” (2014, de Marhieu Amalric, e “Charlie’s Country” (2014, de Rolf de Heer). Estes são os filmes que mais me instigam na seleção deste ano! O premiado documentário de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado [“The Salt of the Earth” (2014)] sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado também se inclui nesta lista, aliás.

 Wesley PC>

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