sexta-feira, 11 de abril de 2014

“SE MINHA IDADE FOR MULTIPLICADA POR 5, EU JÁ TERIA MORRIDO... E NÃO TEREI FEITO NADA!”

Os detratores de Catherine Breillat reclamam que ela realiza sempre o mesmo filme, uma espécie de enredo recorrente sobre o mote da “menina danada não dá nada”. Para mim, entretanto, estes filmes sempre chegam nos melhores momentos: desde a retórica sobre o corpo desprezível em “Romance X” (1999) ao surpreendente “Para Minha Irmã” (2001), culminando em sua obra-prima “Anatomia do Inferno” (2004).

Há pouco, foi a vez de eu mergulhar em “Menina Tamanho G” (1987), que, não (ou) por acaso, tinha tudo a ver com algo que me ocorreu antes da sessão: eu “fiquei” com um garoto, um rapaz heterossexual e sorrateiro que, mesmo assim, permitiu que eu ficasse frente a frente com ele, num ato de ereções espremidas num banheiro. Coisa muito rápida, claro, mas prazenteira e duradoura...

 No filme, a protagonista é uma rapariga de 14 anos que lamenta ainda ser virgem. “Se eu já tivesse fodido com 54 caras, não teria problemas para foder contigo agora”, diz ela a um homem de mais de quarenta anos que parece estar apaixonado por ela. Em três longas seqüências, ele tenta penetrá-la, mas ela se esquiva, não obstante ceder à felação no derradeiro encontro. Seu hímen, entretanto, só será rompido pelo magricela ruivo que ela despreza pois “ele só quer saber de ler”. De sua parte, o ‘nerd’ retruca: “eu não entendo como pode haver pessoas que não considerem ler algo divertido!”. O sorriso paralisado da protagonista após constatar que sua primeira vez não foi boa, “pois nenhuma primeira vez é” me encheu de (des)esperança: e se for assim comigo?

Insistindo na coincidência justaposta, o breve encontro fálico que tive antes de iniciar casualmente a sessão do filme teve muito a ver com os percursos malfadados do quarentão em relação à adolescente: a diferença de idade não era tão brusca, mas a submissão do mais velho aos caprichos do mais novo foi deveras similar. “cu doce” existe dentro e fora do universo breillatiano. Mas me dou por contemplado: esta cineasta me compreende!

 Wesley PC>

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