Revi “Lição de Amor” (1975, de Eduardo Escorel), ao lado do espectador
ideal, alguém que, volta e meia, permite ser aconselhado por mim. Ao final da
sessão, disse-lhe que sou eu que aprendo com ele, mas, como todo bom contexto
educativo, é um processo marcado pelo mutualismo. Sentia-me higienizado,
portanto!
No filme, a imigrante alemã obrigada a se prostituir por
razões econômicas apaixona-se por seus pupilos: ela é contratada para iniciar
rapazolas nas artes do sexo, mas envolve-se emotivamente com eles. Para ela, o
que está sendo ensinado é o amor em sua plenitude. Não o sexo, como os
contratadores pretendem, mas o amor!
Tencionava escrever um texto mais passional, mas percebo que
as palavras fogem. Identifico-me pungentemente com este ótimo filme, que,
apesar de um ou outro defeito relacionado à sua sonorização (a dublagem é
problemática, a banda sonora é mais alta que os diálogos, etc.), é lindo, é
genial! Meu companheiro de sessão ficou impressionado: “como um filme como este
pôde ser realizado durante a ditadura? Esse tipo de coisa acontecia mesmo,
Wesley? Ôxe, que menino atentado é este?”. E eu me sentia feliz: por mais que o
filme me dilacerasse por dentro, ele me reconstituía animicamente. Lindo!
A protagonista é interpretada por Lilian Lemmertz,
impecável. O rapazola é interpretado por Marcos Taquechel, que não precisa se
esforçar tanto. Ele esfrega a sua genitália, antes de ter coragem de declarar o
seu amor para ela. No filme, ele aparece se banhando ao menos duas vezes. Masturbara-se
antes. Suas irmãs percebem o seu interesse afetivo pela governanta: “vá bulir
com a ‘fräulein’!”, diziam. Ele a amava, entretanto. Ao final, quando ela é
obrigada a se despedir, percebe que ele é um dentre vários. E, de todos, ela se
despedia: o amor estava ensinado, impregnado, inscrito a tinta nas almas dos
rapazolas...
Não posso escrever mais, desculpem. Não agora, pelo menos.
Depois volto: é um filme para mim, está tudo lá!
Wesley PC>
Nenhum comentário:
Postar um comentário