quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

"O GOSTO AMARGO É O DA MULHER, QUE SOFRE MAIS"...

Impulsionado pela decisão de um amigo, que dedicará os dias vindouros ao contato com as obras de Carl Theodor Dreyer, aproveitei o embalo para, também, conferir os filmes deste genial cineasta dinamarquês que ainda não me deslumbraram. Na manhã de hoje, portanto, estive em contato com "O Presidente" (1919), sue longa-metragem de estréia. E, caramba, que bênção em forma de produção cinematográfica!

O termo bênção, no parágrafo anterior, não está em negrito à toa: de fato, o filme é uma grande bênção, uma bonificação religiosa, um discurso sobre o perdão e o entendimento entre os seres humanos. Na trama, diversas narrativas paralelas chegam a uma mesma conclusão: mulheres são enganadas pelos homens, quando estes alegam que estão apaixonados por elas. No início, ainda no final do século XIX, um pai moribundo faz o seu filho jurar que jamais desposará uma mulher inferior a ele em classe social. Mais à frente, situações de abandono se repetirão, havendo um ciclo reprodutivo de mães solteiras, até que uma delas, expulsa da casa da mãe do homem que a engravidou e largou após infindas promessas de casamento, desmaia quando o seu filho nasce. Ele perece, por causa do frio, e ela é acusada de infanticídio. É condenada à morte, mas o seu pai, arrependido, se apresenta como tal, desobedece às suas obrigações judiciais e a ajuda a fugir da prisão, promovendo o encontro entre ela e um imigrante javanês, com quem se casa. O pai se suicida, obviamente. Mas, ao contrário de ser um final infeliz ou trágico, esta é uma declaração de que as pessoas têm direito a "segundas chances" na vida...

Acabo de sair de uma reunião de discentes de Mestrado: estou escandalizado com tudo o que ouvi sobre as relações de poder e de legitimação institucional do programa de pós-graduação ao qual estou vinculado, mas tenho certeza de que esta não é uma exclusividade minha e dos meus colegas: somos apenas joguetes num estratagema problemático de titulações combativas mais amplo. Preferirei focar no que o titio Dreyer me ensinou... Ufa!

Wesley PC>


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