terça-feira, 17 de dezembro de 2013

AGORA EU TENHO CERTEZA: OS EGÍPCIOS POBRES E MANCOS MASTURBAVAM-SE DESDE ANTES DO FINAL DA DÉCADA DE 1950!

O título desta publicação é um absurdo truísmo, mas sirvo-me deste aspecto de manchete sensacionalista para atestar o quanto fiquei positivamente impressionado com “Estação Central do Cairo” (1958, de Youssef Chahine), mais um ótimo filme que eu descobri graças ao essencial guia “1001 Filmes para Ver Antes de Morrer” (no caso, na edição de 2008, de que disponho)...

Na trama, o próprio diretor interpreta um rapaz manco que, sendo adotado por um vendedor de jornais, trona-se também jornaleiro. Masturbador contumaz, ele coleciona recortes de mulheres nuas no mocambo onde vive, mas é obcecado por uma linda vendedora de refrigerantes contrabandeados chamada Hanouma (Hind Rostom), que, por sua vez, pretende se casar com o seu patrão Abu-Serih (Farid Shawqi). Este se interpõe com a decisão de alguns de seus empregados em se sindicalizarem, enquanto que, na estação ferroviária onde essas histórias acontecem, vários outros dramas cotidianos se intersecciona, como o sofrimento da garota apaixonada por um rapaz que vai estudar noutra cidade e que é rejeitada pela família dele, que não permite sequer que ela se despeça no dia de sua partida. Ela chora. Ele vai embora, acenando para sua irmã e seus sobrinhos... Enquanto isso, o jornaleiro esfaqueia uma amiga de Hanouma, enciumado com os delírios casamenteiros da moça, que servirão de tática empregada por seu pai adotivo para que ele vista as mangas de uma camisa-de-força como se fosse um manto nupcial...

Uma trama novelesca, eu sei, mas surpreendentemente conduzida para a época (e para o contexto muçulmano, claro!), com uma eficiente trilha musical de Mouad El-Zahry que, se não merece ser demoradamente elogiada aqui, é porque parece um plágio descarado da partitura de Miklós Rózsa para o clássico “Farrapo Humano” (1945, de Billy Wilder). Deveras providencial ter descoberto este gracioso filme egípcio quando o platonismo se instala violentamente sobre mim, como de praxe!


Wesley PC> 

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