quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O FIM DE ANO ESTÁ CHEGANDO, A TRISTEZA ARQUETÍPICA ESTÁ VOLTANDO, EU NÃO ESTOU SOZINHO E O BRUCE LABRUCE É GENIAL!

Apesar de sempre ter intuído que o Bruce LaBruce era genial em sua militância 'queer', decepcionei-me com  a sua abordagem em "O Exército dos Frutas" (2004, comentado aqui), tendente a certa legitimação da pornografia, pelo viés legitimador e dubiamente anti-masturbatório. Em minha viagem à Paraíba, conheci um maranhense um tanto emburrado que estuda as contradições e paradoxos discursivos da pornografia na filmografia deste gênio canadense. A fim de comemorar o seu aniversário recente, resolve imergir numa mini-maratona com dois de seus filmes e, apesar de ter me deslumbrado com a genialidade beatífica e pós-moderna de "Otto; ou Viva Gente Morta" (2008), tenho que tecer algumas palavras elogiosas e devotas ao primevo, confessional e emocionalmente magistral "Super 8 1/2" (1994):

No filme, o próprio diretor interpreta a si mesmo, inclusive em sua fase juvenil, inclusive como dublê de bunda. Um gigolô recorrente, apelidado Johnny Eczema (Mikey Mike) comenta e protagoniza suas obras, enquanto quase tudo o que é mostrado é atribuído a uma colaboradora lésbica do diretor (Stacy Friedrich), que exibe seus filmes prototípicos, antes da onda de VHS que mediocrizou por completo a verve pornográfica militante.

Num dos filmezinhos, "Submit to my Finger", duas misoandras assaltantes de banco dão carona a um homem de muletas na estrada. De repente, despem-no, obrigam-no a chupar um salame, enfiam o cano de uma arma em seu cu, passam talco em seu pênis, vestem-no numa fralda e lançam-no de volta à estrada, rindo. Gostei muito do que vi, mas também fiquei perplexo e impressionado!

Não obstante haver uma referência felliniana imediata desde o título - que se confirma na abordagem das "lembranças inventadas" - a grande obra emulada neste filme é "My Hustler" (1965, de Andy Warhol), citado em mais de uma seqüência. Ao final do filme, Bruce LaBruce participa de uma conferência de imprensa, onde vaticina que "a pornografia é a onda do futuro". Dito e feito! Mas ele soube tirar partido militante disso muito bem: ele é um legítimo cineasta 'queer'!

Wesley PC>

Nenhum comentário: