Não conseguindo dormir direito, por conta de uma luxação em meu ombro direito, levantei da cama às 4h45’. Liguei a TV e me deparei com uma chanchada do Watson Macedo: “É Fogo na Roupa” (1952). A minha afeição pelo diretor mais que justificava a minha atenção, mas este filme tinha um diferencial singular: havia um personagem homossexual, o cabeleireiro Quincas, interpretado por Antonio Spina.
A trama do filme é centrada num Congresso de Mulheres Casadas, que querem impedir que seus maridos pratiquem atos adúlteros. A presidenta é uma paraibana invocada que recebe o nome de Madame Pau Pereira (interpretada pela divertidíssima Violeta Ferraz), que tem como proposta a imposição da pena de morte aos infiéis. Quincas é convencido por um de seus contratadores a penetrar da reunião e sabotá-la. Ele faz a representante do Piauí adormecer e, vestido convincentemente de mulher, defende aplicações menos violentas, como a greve de sexo, por exemplo. Ele é expulso da reunião. E eu ri vendo o filme. Muito bom, como tudo o que o diretor faz!
Como toda chanchada, o forte são os números musicais: há um sobre o encontro entre Jezebel e Belzebu (de onde surge um Sururu); e outro em que Ankito, em seu primeiro longa-metragem, canta “um rapaz no automóvel/ com uma mão na direção/ há uma moça do seu lado/ ninguém vê a outra mão”. Muito engraçado! Adelaide Chiozzo também está imponente em suas aparições, bem como a intérprete da Condessa de Buganville (Heloísa Helena). Pena que a seriedade e má interpretação do pianista Bené Nunes comprometam as suas aparições. Mas que foi um excelente sucedâneo para a minha insônia este filme, ah, foi!
Wesley PC>
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