terça-feira, 17 de setembro de 2013

PERSONAGENS REAIS ENCANTAM MAIS!

A piauiense Kátia Tapety tornou-se célebre como a primeira travesti brasileira eleito a um cargo público. Três vezes vereadora da cidade de Colônia do Piauí, emancipada de Oueiras, antiga capital do Estado, conheci esta personalidade real através do documentário "Kátia" (2012, de Kátia Holanda), visto ontem na TV. Infelizmente, o filme não detalha as atividades políticas da personagem, mostrando-a, ao invés disso, realizando atividades rurais e/ou fazendo compras pelas feiras e butiques da cidade, além de visitar amigos do campo...

É um filme bom (não tinha como não ser!), mas, infelizmente, perde o foco: as cenas em câmera lenta no interior de uma boate LGBT, por exemplo, são equivocadíssimas, bem como as entrevistas com pessoas da rua sobre a política. O espanto dela quando um primo erudito pronuncia oi adjetivo "profano" é ótimo, bem como o instante em que ela relembra quando foi obrigada a provar que sabia ler e escrever para ser tornar elegível. Por outro lado, situações pitorescas como o momento em que ela confessa que "nunca sequer tocou numa xereca" e, mesmo assim, só obteve o direito de registrar a sua filha adotiva como pai e o instante posterior em que a garotinha revela ser fã de Lady GaGa e Justin Bieber impressionam pela crueza. Mas nada se supera à preocupação legítima da personagem com os seus animais em meio à seca nordestina. E às lembranças traumáticas da homofobia ameaçadora de seu pai, que a espancava quando ela assumiu a sua condição sexual. Ao final, tudo parece tão esperançoso e ela canta numa praia, dizendo ser uma suçuarana nortista...

Gostei do filme, apesar de considerá-lo tematicamente subaproveitado. Estava com um prato de sopa nas mãos e as memórias afetivas de "Antes da Meia-Noite" (2013, de Richard Linklater), ainda na mente. Em minha crítica do filme estadunidense, esqueci de mencionar diálogos sintomáticos, como aquele em que a personagem de Julie Delpy diz associar pensamentos ao cheiro de merda, pois, segundo ela, só tinha tempo de pensar em algo quando se sentava para cagar em seu escritório. Viver tem dessas coisas...

Wesley PC>

2 comentários:

Dilmar Gomes disse...

Muito bem Wesley.
Um abraço. Tenhas uma boa tarde

Gomorra disse...

Muito bem para ti também! (risos)

E obrigado.

WPC>