terça-feira, 17 de setembro de 2013

DE COMO PROVOCAR E ENFRENTAR O TÉDIO (POIS O NOME DO SENTIMENTO É OUTRO): OU DE QUANDO O JAMES FOLEY PROVOU SER MAIS URGENTE QUE O ROBERT GUÉDIGUIAN...

Para quem não conhece os polêmicos fatos familiares recentes, meu irmão de 30 anos engravidou uma menina com metade de sua idade. O filho nasceu, meu irmão assumiu, a guria completou 16 anos e, aos poucos, poder-se-ia pensar que tu se resolveria... É isso? De forma alguma! Meu irmão é concubinado com uma mulher extremamente ciumenta de 33 anos que ameaçou a adolescente de morte quando soube que meu irmão precisou visitar o filho para pagar a pensão mensal, visto que o primeiro salário após o nascimento do filho já foi disponibilizado. O que isto ocasionou: uma briga de proporções épicas! Minha casa ficou interditada para qualquer ato racional na tarde de hoje...

Frustrado e aprisionado pelas contingências, sentei na varanda, aguardando que um potencial e recorrente amante chegasse do trabalho. Entretanto, ele estava de mau humor e trancou a porta de sua casa, não queria conversa comigo.Impossibilitado de me ocupar intelectualmente, sentei-me em frente à minha casa por duas horas e entreguei-me voluntariamente ao tédio. Queria entender o porquê de algumas pessoas insistirem em sentir isso. Constatei que se entendia quem quer, quem se entrega! Duas horas e dez minutos depois, eu estava alisando os cabelos do rapaz que amo e em dúvida acerca de que filme ver na TV: “Caminhos Violentos” (1986, de James Foley) ou “O Exército do Crime” (2006, de Robert Guédiguian)? Por sorte, escolhi a primeira opção.

Não me arrependi nem um pouco: na trama, Sean Penn interpreta um delinqüente juvenil desembestado que se apaixona pela personagem de Mary Stuart Masterson.  De repente, ele conhece o pai (Christopher Walken), um conhecido e infame ladrão de tratores da região. Depois de brigar com o seu padrasto, o protagonista – que tem o mesmo nome do pai, Bradford – resolve ir morar com ele. Ingressa no crime, mas é preso em seu primeiro assalto oficial. Na prisão, é convencido a denunciar o pai, sob pena de não ser libertado. O pai assassina o irmão de seu filho (vivido por Christopher Penn, irmão de Sean Penn na vida real) e a sua namorada, além de um amigo de ambos. O desfecho é tão afobado quanto trágico. Última frase pronunciada pelo protagonista: “ele é meu pai”. O que se segue: a belíssima canção “Live to Tell”, de Madonna, que ameaça ser executada na íntegra desde o início do filme. Ganha um doce quem souber o que estou a ouvir agora, pouco tempo depois de a avó do filho de meu irmão ter aparecido aqui em casa para suplicar à minha cunhada que ela não mais ameaça a garota recém-parida, “pois ela não é nenhuma vagabunda não!”. Gritos femininos revoltados ecoaram na rua em que moro. E eu tentando ouvir música, concentrar-me em meus próprios problemas, ai, ai...


Wesley PC> 

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