quarta-feira, 24 de julho de 2013

“DERRUBAR UM DITADOR NÃO É A MESMA COISA QUE DERRUBAR O NEOLIBERALISMO”!

Inspirados por eventos externos que se aglomeram mundialmente e demonstram que é possível rebelar-se (ao menos formalmente) contra o sistema tardo-capitalista em sua faceta hodierna, os participantes de um grupo de discussão aracajuano sobre práticas revolucionárias exibiu o filme “Occupy Love” (2012, de Velcrow Ripper), como forma de demonstrar a qual processo de construção de demandas sociais estão afiliados. Não sei até que ponto eu suspeitava (des)gostar do filme, mas cria que ele seguiria uma linha discursiva similar àquela que está contida no envolvente “RIP! A Remix Manifesto” (2009, de Brett Gaylor, afoitamente elogiado aqui). Não foi o que aconteceu: detestei o filme!

Permeado por contradições quase imperdoáveis, como exibir a destruição oriunda de um veio petrolífero e, logo em seguida, utilizar bastante plástico para protestar contra essa mesma exploração do petróleo (que serve de matéria-prima para o plástico, diga-se de passagem) ou apresentar um “jovem ambientalista” de mais ou menos 10 anos desfolhando sementes e afirmando que “a natureza não pratica ‘bullying’”, este filme coaduna-se a um viés melodramático espalhafatoso, que quase faz cair por terra os esforços militantes que ele apresenta e estimula. Diferentes pessoas são entrevistadas ao longo do filme, ostentando discursos que se negam em essência, legitimam percursos midiáticos dominantes e, ainda assim, atingem a proposta mais geral do filme, que é a de “apresentar uma forma imperfeita de amor, um amor humano”. Entretanto, a narração auto-indulgente do próprio diretor é péssima, condutiva no sentido mais oportunista do termo, tanto quanto os seus entrevistados acadêmicos são cuidadosamente exibidos diante de bibliotecas ou portando jóias e adornos que negam o fervor anticonsumista que alguns militantes defendem com tanta intensidade. Destarte, é um filme abominável!

Negativamente incomodado que fiquei durante a sessão, explicitei ao microfone a minha indignação com o filme, mas fui cuidadoso em acrescentar que o mesmo não fora inútil, que a exibição em pauta foi deveras pertinente, inclusive no que tange ao debate que se seguiu, cujo tema central, segundo uma falante, graduada em Direito, seria a desmilitarização da Polícia. Não concordo com ela nesta definição temática, mas estou longe de não me associar à mesma na defesa deste pressuposto. O problema é que as questões abordadas no documentário estão longe da faceta dicotômico-maniqueísta que uns e outros depoentes tentam fazer crer: esta é uma avaliação em processo, portanto!


Wesley PC> 

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