Oficialmente, "Mother - A Busca Pela Verdade" (2009, de Bong Joon-Ho) é um filme policial, uma obra que subverte o gênero suspense. Entretanto, começa e termina com dança e música (cortesia das maravilhosas partituras de Lee Byung-Woo). Kim Hye-Ja está soberba no papel-título e Won Bin é uma gracinha tesuda (mesmo interpretando um deficiente mental), mas, ao contrário do que eu esperava, a dramaticidade pungente do enredo não é unilateral, mas contrabalançada por seu nigérrimo senso de humor, por seu cinismo ultra-realista, para além de um roteiro com elementos propositalmente inverossímeis em sua esquematização dos comportamentos dos personagens, a fim de que eles caibam nas convenções dos gêneros que o diretor subverte. Durante os 128 minutos de projeção do filme, fiquei em constante suspensão, mas, ao final, tive de gritar: absolutamente genial, um atestado inclemente da inversão de valores na dita pós-modernidade. Afinal de contas, se "só existem três motivos para um homem matar alguém: o dinheiro, a paixão ou a vingança", a paixão, na verdade, atravessa e contamina os três! Não seria nem um pouco surpreendente se eu confessasse aqui que, enquanto lavava os pratos, duas horas após ter visto o filme, ainda me quedava impressionado, reflexivo, perplexo pela devastadora beleza da seqüência inicial mostrada na foto. Um filme tão lindo quanto cruel. E a vida aqui fora, sabe? O amor...
Wesley PC>
quarta-feira, 26 de junho de 2013
TALVEZ O QUE EU ESTIVESSE A SENTIR NÃO FOSSE TRISTEZA NEM SOLIDÃO, MAS APENAS REFLEXÃO EXPONENCIADA... TALVEZ!
Marcadores:
cinema,
epigênese da beleza,
família,
genialidade,
identificação perigosa,
o fracasso da vida contemporânea,
paixonites obsessivas,
pós-modernismo,
surpresa midiática,
tipificação invertida
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário