No início da tarde desta quinta-feira, tomei um susto:
estava almoçando quando uma viatura do Governo do Estado parou diante de minha
porta e chamou o meu nome completo, entregando-me um envelope preto depois que
eu me identifiquei positivamente. Para minha surpresa agradável, tratava-se de
um convite para a pré-estréia do filme “Pedalando com Molière” (2011, de
Philippe Le Guay), às 19h. A sinopse do mesmo falava em manipulação mútua, a
partir de um ensaio da peça “O Misantropo”, de Molière. Eu poderia levar comigo
apenas um convidado. Analisando os detalhes do que sabia sobre o filme, não
tive dúvidas: alguém com que eu rompi relações recentemente. O melhor: ele
aceitou o meu convite!
De fato, tive razão em escolher esta pessoa para estar ao
meu lado durante o filme: mais de uma situação reviveu pendengas que tivemos,
onde, apesar de eu crer que agi com probidade na maior parte delas, devo
assumir uma grande parcela de culpa pelo andamento dos dissabores. Senti-me
vingado durante a sessão do filme (muito bom, por sinal), ao tempo em que me
identifiquei amplamente com o personagem de Fabrice Lucchini, um ator teatral
que vive isolado numa ilha luxuosa, e que escarnece da sinceridade de um ator
de TV (Lambert Wilson), que, admirador de seu talento, o convida para voltar
aos palcos. Prefiro não avançar em detalhes sobre a trama, visto que o filme
será exibido várias vezes durante o Festival Varilux de Cinema Francês 2013,
mas adianto que o meu acompanhante demonstrou ser infelizmente vilanaz: não dá
mais para confiar nele! Não o rechaçarei publicamente, não falarei mal de sua
pessoa sem necessidade, não o xingarei, não virarei a cara se ele vier me
procurar, mas... Tratos com ele não são mais possíveis: ele mente, ele trai!
Exatamente como entrevisto na peça molieriana encenada no filme...
Antes da sessão, duas personalidades importantes da política
governamental – a secretária de Cultura Eloísa Galdino e a responsável pela
restauração da sala de cinema Vitória, na antiga Rua 24 Horas (atual Rua do
Turista), Rosangela Rocha – discursaram: a primeira ateve-se aos contributos
estatais envolvendo o uso público e “alternativo” desta sala de cinema, na qual,
segundo ela, haverá a predominância exibitória de filmes brasileiros (inclusive
sergipanos); a segunda servindo-se de uma paráfrase de título de filme de Bigas
Luna para exclamar que está fazendo a sua parte e que os benefícios adquiridos
são coletivos. Não vou discordar delas duas, por enquanto (informações jornalísticas
sobre o evento podem ser encontradas aqui): a reforma da sala ficou muito boa, o
espaço está bastante aconchegante e o filme escolhido para esta pré-inauguração
foi oportuníssimo! Pena que não apenas isso esteja em jogo...
Wesley PC>
Um comentário:
kkkkkkkkkkk, imaginei a cena de você vendo a viatura! que louco! :)
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