terça-feira, 7 de maio de 2013

“I’M SEXY AND I KNOW IT” (O TEXTO NÃO É SOBRE ISTO!)

Enquanto pensava no que escrever, sentei-me para comer meu desjejum e me deparei com um videoclipe da banda eletrônica LMFAO na TV. Neste, diversos homens espalhafatosos balançavam o conteúdo de suas sungas diante da câmera. Não soube o que pensar de imediato, mas não sei se achei engraçado. Um questionamento sobre aquilo que eu talvez considere sensual ficou latejando em minha cabeça durante e após a exibição do videoclipe. E eu resolvi falar sobre o que os dois curtas-metragens griffithianos que vi ontem à noite me causaram:

No primeiro deles, “Faithful” (1910), D. W. Griffith utiliza-se dos talentos cômicos de Mack Sennett para construir uma pequena tragicomédia em que, depois de salvar a vida do personagem-título, um homem passa a ser perseguido por ele em todos os lugares. O que parece ser extremamente inconveniente (e, de fato, o é), termina sendo benfazejo, visto que, por ser persecutório, Faithful descobre que a noiva de seu amo estava aprisionada num incêndio e a salva. O final é feliz!

Não preciso dizer que me identifiquei bastante com o personagem e sua noção enviesada (e, na vida real, condenada) de fidelidade excessiva. É mais ou menos assim que eu ajo em relação às pessoas por quem me apaixono, o que engendra problemas de irritação semelhantes ao que acometem o perseguido Adonese (vivido por Arthur V. Johnson), o que nos leva ao segundo filme:

Em “The Usurer” (1910, vide foto), um agiota sovina exige que seus cobradores despejem uma mulher e sua filha doente do cômodo onde vivem, visto que elas não podem pagar as contas. A mocinha é vivida pela virginal Mary Pickford, que cativa forçadamente a ternura do espectador, que assiste a um desfecho trágico mas “feliz”, em que, ao morrer sufocado em seu cofre, o usurário do título permite que sua irmã descubra a sua crueldade financeira e livre os seus devedores das dívidas absurdas depositadas sobre eles. Muito oportunista este desfecho (e hipócrita, levando-se em consideração o contexto produtivo do mesmo), mas não desprovido de interesse e/ou reprodução na vida real. Para além de ser ou não sensual, importa-me tentar ser bom. Mas este é um conceito delicado, fugidio, que não raro implica em perseguições assustadoras. Por isso, sigo aqui digerindo o que comi...

Wesley PC> 

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