segunda-feira, 27 de maio de 2013

COMO NÃO FICAR PERPETUAMENTE PERPLEXO QUANDO O AMOR BRUTO EXPLODE NA TELA?!

Finalmente assisti ao aguardadíssimo "Holy Motors" (2012, de Leos Carax) na noite de ontem! Estive entre amigos durante a sessão, que gargalharam de perplexidade, tal qual eu,nas seqüências iniciais absolutamente alucinantes do filme, que mostravam um homem fingindo-se de velha pedinte numa rua movimentada francesa e simulando sexo virtual com uma bela moça. Porém, no terceiro segmento, diretamente relacionado a "Tokyo!" (2008), filme em episódios co-dirigido por Michel Gondry e Bong Joon-Ho, é que tudo fez sentido, é que tudo me fisgou emotivamente: no mesmo, o versátil Denis Lavant fantasia-se de monstro, seqüestra a modelo vivida por Eva Mendes, despe-se diante dela, exibindo uma estrondosa ereção e se deita em seu colo, derramando pétalas de flores sobre seu corpo, numa reedição da "Pietà" michelangelaniana. Era o suficiente para que eu me derretesse: é um filme sobre cinema, uma obra-prima originalíssima sobre emoções fortemente possibilitadas pelo cinema clássico.

Daí por diante, o filme emula diversos gêneros canônicos: desde um musical sobre uma aeromoça suicida (magnificamente vivida pela cantora australiana Kylie Minogue) até um dramalhão familiar sobre um homem casaco com uma macaca, com quem tem um lindo filhinho símio pequeno, passando por tramas policiais em que banqueiros e bandidos muito assemelhados ao protagonista são assassinados à queima-roupa. Ao final, as limusines que transportavam os atores vistos e não-vistos no filme conversam entre si sobre a instabilidade de seus futuros. E rezam, na esperança de que ainda sejam lembrados por seus usuários, tal qual o cinema como hoje ainda o entendemos. Uma obra-prima indubitável! Dormi em estado de estupor após a sessão: preciso revê-lo ao lado de meus melhores amigos!

Wesley PC>

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