A provocação é lançada num diálogo do filme “Sweet Sixteen”
(2002), de Ken Loach, visto na manhã de ontem, às pressas, antes de eu adentrar
a sessão de outro filme do mesmo diretor “A Parte dos Anjos” (2012), no cinema.
Pouco antes de o filme começar, fui advertido que um “desafeto amoroso” se
encontrava na sala. O rapaz em pauta comportou-se de forma tão reles que nem
sei por que estou a mencioná-lo aqui. O que importa é o que ambos os filmes, em
seguida, me causaram...
Apesar de eu insistir que não sou fã do diretor e de,
oficialmente, ambos os filmes terem me desagradado (de formas diferentes,
claro!), proíbo-me de não admitir que o extremo afeto que Ken Loach nutre por
seus personagens me enche de júbilo. Mais que um sindicalista, ele é, de fato,
um humanista, como bem diz um professor com quem converso eventualmente.
No primeiro dos filmes, o chamariz principal era a beleza
física do protagonista Martin Compston, mas também tinha muita curiosidade para
saber como o diretor transferiria as suas questões proletárias tradicionais
para o universo adolescente. Se o primeiro quesito satisfaz bastante, não se
pode dizer o mesmo acerca do segundo, que redunda num roteiro simplista, em
que, a fim de assegurar conforto para a sua mãe presidiária e viciada em
drogas, o garoto protagonista torna-se justamente um traficante de drogas, numa
trama inconvincente em mais de um aspecto.
Em relação ao segundo filme, gostei bem menos que o
primeiro, a ponto de ter enfrentado dificuldades para clarificar os meus pontos
de vista na crítica do mesmo, publicada aqui. Aliás, este díptico de obras
loachianas, ambas roteirizadas por Paul Laverty, fez com que eu sentisse
vontade e/ou necessidade de abordar diversos assuntos tangenciais, mas tudo se
misturou à doce melancolia trazida pela chuva que cai lá fora...
Wesley PC>
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