quarta-feira, 17 de abril de 2013

NA SEGUNDA VEZ, O ESTUPOR É ASSENTADO – MAS NÃO DIRIMIDO!

Na manhã de hoje, reassiti ao filme “Vá e Veja” (1985, de Elem Klimov), que me deixou em transe no início da tarde de ontem. Conhecendo de antemão as suas limitações, relacionadas à similaridade exacerbada com um clássico tarkovskiano, pude mergulhar com mais vigor naquilo que eu já sabia que iria me sufocar – negativamente enquanto reconstituição de algo que aconteceu na realidade; positivamente enquanto arte: a equanimidade dos atos numa guerra, tão perversos e cruéis quando gratuitos ou quando supostamente justificados enquanto punição por crimes efetivados. Ou seja, o nazista que comanda uma chacina contra aldeões bielo-russos inocentes e o menino que dispara contra uma fotografia de Adolf Hitler, desenterrando lembranças terríveis dos campos de concentração e eliminando simbolicamente os vestígios de alguém que, antes de ser um cruel governante, foi uma criança também inocente algum dia, uma criança amada por sua mãe, uma criança que não gostava do cheiro de morte e destruição...

Oficialmente, planejava escrever uma resenha mais cuidadosa sobre o filme, mas um lampejo de desilusão (aliada a uma ocupação burocrática extraordinária) desvia as minhas atenções: intuo que voltarei a falar sobre este filme belo e cruel muito em breve. Vontade não me falta. Mas nem tudo no mundo é vontade. E quiçá nem tampouco representação...

Wesley PC>

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