sexta-feira, 8 de março de 2013

BREVES NOTAS SOBRE O PESADELO QUE EU POSSO TER DAQUI A POUCO E/OU A DUPLICIDADE...

Quando a sessão "Como Era Gostoso..." (especializada na exibição de filmes produzidos pela Boca do Lixo paulistana) do Canal Brasil anuncia um filme lançado há mais de trinta anos como inédito, pode-se ter certeza de que este é, no mínimo, digno de uma olhadela atenciosa. Foi o que aconteceu há pouco com "Duas Estranhas Mulheres" (1981, de Jair Correia), dirigido por um cineasta que, até então, eu não conhecia...

Composto por dois episódios levemente intercalados (por uma breve cena que faz com que um dado personagem transite entre ambos os contextos), este filme tem como personagens principais as duas mulheres estranhas do título, ambas inspiradas em figuras mitológicas: a primeira delas, Diana (Patrícia Scalvi), é atormentada pela frieza do marido Raul (Hélio Porto), que a oprime com seu ciúme e desdém persecutórios. Um dia, passando por acaso num bar, ela o encontra bebendo, mas, quando vai conversar com ele, percebe que se trata de outra pessoa, um tal de Otávio, na verdade, outra personalidade do mesmo homem. Ela se apaixona e se entrega sexualmente a ele, mas Raul começa a surgir em momentos cada vez mais inconvenientes, tendo ciúme de si mesmo, a ponto de envenenar o uísque que seu próprio alter-ego tomará. Diana é acusada de assassinato e, durante o interrogatório que entremeia a sua narração, descobrimos os detalhes do assassinato de Raul/Otávio. O detalhe: a nudez de Hélio Porto é farta e ereta, inusitada para a época.

A segunda das mulheres, Eva (Fátima Celebrini) recebe a notícia de que seu marido morrera carbonizado num acidente de automóvel. Afastada dele há algum tempo, ela parte para o Rio Grande do Sul, a fim de identificá-lo e, no caminho, por causa de um defeito mecânico em seu carro, pede carona a um vendedor apelidado de China (John Doo, ótimo como diretor, mas difícil de ser levado a sério como ator erótico), que, na verdade, é a instância narrativa do episódio, visto que nos deixamos confundir por suas alucinações, em que ele se confunde com o recém-falecido esposo de Eva, a ponto de acreditar em vidas passadas. O episódio começa mal, mas termina genial em sua emulação de seriados antigos de apelo fantástico.

Ao final, gostei muito do filme, e, estando prestes a dormir, temo que tenha mais um daqueles pesadelos sensuais recorrentes, envolvendo figuras por quem nutro paixões inalcançáveis e temores e desejos inassumidos. Que venha o que vier, querido inconsciente... Qualquer coisa, volto daqui a algumas horas para relatar o sonho... Até já!

Wesley PC>

3 comentários:

Renato disse...

Assistindo agora, já na parte eva, logo no início...

Gomorra disse...

Muito bom, né?

Mas achei o episódio sobre a Diana superior!

WPC>

James Azevedo disse...

A Fátima Celebrini o que aconteceu com ela alguém sabe? Ela sumiu né rs...