quinta-feira, 7 de março de 2013

AS BASES COTIDIANAS PARA OS PESADELOS DO DIA-A-DIA...

Nos últimos dias, pesadelos estrondosos me assombram: no início da semana, sonhei que uma barata gigantesca e antropomorfizada, com um capacete do Exército na cabeça e botas de eletricista em suas seis patas me perseguiam pelos encanamentos de um prédio, enquanto eu tentava rever “O Som ao Redor” (2012, de Kleber Mendonça Filho) ao lado de um admirador sensual do filme; no dia seguinte, sonhei que beijava as mãos de meu ex-orientador despótico, enquanto chorava copiosamente, como se estivesse num filme de Federico Fellini sobre o Vaticano; de ontem para hoje, sonhei que um amigo cocainômano de infância (pelo qual sempre nutri forte atração, desde antes de ele consentir que eu o admirasse nu após o banho) convidava-me para a cerimônia de seu casamento, em plena madrugada, enquanto, noutro local, um professor me pedia um martelo emprestado, a fim de deixar um cavalo experimentalmente desacordado. Culpado, me tranco em caso, enquanto que, na rua, os alunos infantis de uma escolinha acompanhavam a sua professora esquartejar um boi vivo com um machado, debaixo de um poste. Foi perturbador!

 Enviei um SMS para o protagonista conjugal de meu último sonho e este disse que a culpa do mesmo estava nos filmes que eu ando vendo na madrugada. Minha mãe disse a mesma coisa! Será? O último filme que vi foi tão brando e bonito: “Adultério por Amor” (1978, de Geraldo Vietri), sobre uma mulher apaixonadíssima por seu marido, que passa a tratá-la com indiferença pois não conseguem ter filhos. Ela se submete a alguns exames médicos e descobre que o estéril é ele, de maneira que, numa viagem pelo interior, ela se entrega a um rapazola estudante de Medicina, na esperança de engravidar. Arrependida durante o ato de traição, ela vomita, mas, ainda assim, felizmente engravida. Depois que se torna um perdulário inveterado, o estudante passa a persegui-la e ameaça contar ao marido dela sobre as bases de sua gravidez. O resto do filme, só vendo-o: apesar de a trama derrapar um pouco do meio para o final, o desfecho é belíssimo, pré-anunciado, dramático à exaustão diuturna!

 No filme, Selma Egrei tem um belíssimo desempenho solene (como é praxe em suas colaborações com o diretor), o mesmo sendo dito sobre um desenvolto Paulo Figueiredo, excelente como um amigo do casal protagonista, com três filhos e submetido a um processo de vasectomia. Ewerton de Castro não convence tanto em sua mudança de personalidade, mas não está ruim, de modo que o que eu mais apreciei mesmo no filme foi a competência romanesca do diretor, a qual eu já tive oportunidades de homenagear aqui em mais de uma ocasião. Muito conhecido por suas conduções telenovelescas, Geraldo Vietri é também um magistral artesão honorário da Boca do Lixo paulistana. Por ele, eu teria belos sonhos de amor complexado...

 Wesley PC>

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