quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

UMA BUNDA COMO QUALQUER OUTRA...

Murcha, sem muitos atrativos, e, sobretudo, similar a uma grande quantidade de bundas que desfila diuturnamente por aí, a minha região glútea esconde um orifício anal surpreendente intacto, ao menos no plano penetrativo sexual, para aqueles que me associam, não sem razão, aos exageros do comportamento homoerótico. Nada que me incomode tanto, talvez, mas, de anteontem para ontem, pensamentos envolvendo este buraquinho escondido entre as bandas murchas de minhas nádegas instalaram-se poderosamente em minha mente reflexiva, atingindo um ápice insuspeito durante a audiência ao potencialmente ótimo “O Mestre” (2012), filme dirigido por Paul Thomas Anderson que seduziu e encantou, com razão, vários amigos próximos em tendência cinefílica.

 Indubitavelmente genial nos patamares técnico, actancial e directivo, este filme me incomodou sobremaneira – principalmente no cotejo com “Sangue Negro” (2007), do mesmo diretor, em relação ao qual apresenta esquemas enredísticos bastante assemelhados – por causa da ambigüidade proposital de seu enredo, no qual um deslocado marinheiro, magistralmente vivido por um Joaquin Phoenix completamente entregue ao personagem, depara-se com um mentor para-religioso (vivido imponentemente por Philip Seymour Hoffman) que se aproveita de sua inaptidão social para tentar dominá-lo mentalmente, utilizar a sua força física em prol de sua seita reencarnacionista. Tal resumo conflitivo, entretanto, incorre numa simplificação hedionda da complexa trama do filme, que me perturbou justamente por não se render às soluções fáceis, por deixar as conclusões para a formulação do espectador e não para uma mera mastigação do que é expelido pelo diretor e roteirista. O problema pessoal: para além da inconteste supremacia roteirística do filme, ele trouxe-me à tona não apenas lembranças problemáticas de uma frustração relacional parafamiliar, mas principalmente projeções temerosas de uma insistência aparentemente vã numa tentativa prematuramente derruída de assimilação passional. Não é nenhum segredo o que eu confesso aqui (quem tiver visto o filme e conhecer os meus dilemas pessoais, reconhecerá rapidamente os alvos humanos de ambas as identificações), mas é ainda mais factual que, de fato, o filme me deixou angustiado, impressionado... Saí da sessão sentindo medo, o que só não foi piorado porque tive amigos íntimos e desafiadores a meu lado!

 O que nos traz de volta à minha bunda murcha, ao meu cu virgem, aos meus devaneios continuados, aos traseiros despidos de Bradley Cooper e David Gail em “Quebrando Todas as Regras” (2002, de Peter Knight & Morgan Klein), estranhíssimo e quase enfadonho filme independente a que assisti na noite anterior à de ontem: a culpa é minha, por não saber efetivamente a que equivale estar apaixonado!

Wesley PC>

3 comentários:

Lean, do sorriso aparente disse...

Na questão da virgindade alusiva, somos dois. E que continue assim! Já expomos demais sobre nós mesmos, guardemos algo - ao menos carnal - para Les Mistéres.

Um conselho: pessoas com Hipocromia não deveriam visitar seu compêndio literário sem um aviso, não obstante, modesto. Não sei se são as cores, a ausência delas ou o que está escrito que me deixa tonto, sem reação e a um passo da epilepsia de petit mal. Também, a culpa é completamente minha não haver pigmentos melânicos em minhas íris.

Gomorra disse...

(risos)


A culpa é nossa, sempre nossa...

Afinal de contas, a hipocromia que mencionas como patologia se disfarça em pequenas angústias metonímicas e metafóricas, que me fazem agradecer a teu comentário de pé: muito obrigado pela irmanação virginal!

WPC>

ADEMAR AMANCIO disse...

Se o tesão que a gente sente na frente sentíssemos atrás não teria virgindade certa,rs,anal é ruim demais.Se eu tivesse uma xavasca dava sem parar.