quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

PARA QUE NÃO DIGAM QUE EU NÃO FALEI SOBRE A RENÚNCIA DO PAPA...

Numa frase: sim, eu achei esta renúncia digna. Mas esta menção titular foi apenas um pretexto para que eu compartilhasse o desapontamento que me tomou de assalto diante de "Os Deuses Vencidos" (1958, de Edward Dmytryk), filme com 167 minutos de duração que, em minha opinião, redunda num vácuo não programado por Hollywood.

Baseado num romance de Irvin Shaw que eu não conhecia - e que, pelo que foi mostrado no filme, não me pareceu tão interessante - o filme possui três personagens centrais cujos destinos se entrelaçam na II Guerra Mundial: o comediante boêmio e alcoólatra (vivido por Dean Martin), que não é suficiente expressivo; o soldado judeu e tímido (vivido por um esquálido Montgomery Clift), que é repreendido por ler James Joyce, apesar desta preferência pela literatura vanguardista não interferir em sua personalidade; e o soldado nazista e gradualmente decepcionado com o que descobre acerca dos objetivos hitleristas que é maravilhosa interpretado por Marlon Brando, loiro e belíssimo!

Apesar da longa duração do filme, "Os Deuses Vencidos" não é tedioso, mas opaco: parece que algo acontecerá o tempo inteiro, mas somos agraciados por pequenos momentos que, quando protagonizados pelo personagem alemão, cativam-nos sobremaneira: o instante mostrado na foto (uma simples captação imagética de amigos que brigarão por divergência de interesses bélicos), os romances fugazes que ele desenvolve com três diferentes mulheres, um reencontro num hospital, em que um dos amigos ressentidos está com o rosto completamente enfaixado por causa de um acidente motociclístico, e o desfecho relacionado à descoberta do verdadeiro funcionamento de um campo de concentração são momentos imponentes do filme, mas, ainda assim, a direção do Edward Dmytryk me pareceu demasiado frouxa. Não sei se eu me recusaria a rever o filme (como disse, o ritmo não é ruim, apenas irregular), mas pensei na juventude do papa Bento XVI enquanto o via, não condenando-o por não ter conseguindo se desvencilhar de um nacional-socialismo impositivo. Dignidade é algo que se obtém na maturidade: eis uma conclusão apriorística que rima!

Wesley PC>

2 comentários:

AmericoAmerico disse...

no último livro que li: 'Súplicas atendidas' o Monty foi citado... conexões! rsrsrsr

Gomorra disse...

Hajam conexões (risos): sinais, sinais...

E o Montgomery é um fofo, merece qualquer citação! (risos)

WPC>