quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

“AGONIA É SEMPRE AGONIA (LORCA)”, DIZIA A MENSAGEM DE CELULAR QUE RECEBI PELA MANHÃ...

Como discordar de tão poderosa tautologia? Ao invés de fazê-lo, fiz companhia à minha mãe, na sala, que assistia a uma cerimônia religiosa presidida pelo papa Bento XVI, que renunciou oficialmente a seu posto máximo na Igreja Católica. O meu interlocutor fez questão de frisar, inclusive, que não era cristão. Nem eu (no máximo, sou um cristista!), mas esta a situação mais do que adequada para terminar de ver “Uma Cruz à Beira do Abismo” (1959), filmaço do Fred Zinnemann que tentei ver durante o Carnaval, mas que enganchou devido a uma incompatibilidade de meu aparelho reprodutor de DVDs...

No filme, Audrey Hepburn interpreta magnanimamente (em todos os sentidos do termo) uma doce rapariga belga que, apesar de rica, decide se tornar freira. Ingressa num convento, financiada por seu pai médico e renomado, mas, por mais bondosa e bem-intencionada que fosse, não consegue se esquivar de certa vaidade ou de um incerto orgulho. Torna-se uma especialista em enfermagem, é enviada a um hospital no Congo, envolve-se problematicamente com um médico cético que cuida dela quando a mesma adquire tuberculose e, tendo sido enviada a um hospital-mosteiro na Holanda, decide renunciar aos seus votos religiosos depois que não consegue se esquivar dos sentimentos iracundos depois que sabe que seu pai foi assassinado por soldados alemães no apogeu da II Guerra Mundial. “Tu entraste no convento para ser freira, não uma enfermeira”, diz-lhe uma de suas superioras. Segundo os guias de vídeo que consultei, este é o único filme da produtora Warner a não possuir música na cena final. O motivo: os produtores não queriam se posicionar diante da decisão final da freira, afinal baseada numa história real...

Não por coincidência, calhei de ter acesso ao filme justamente no entretempo relacionado ao anúncio da renúncia do Papa - que voltará a ser conhecido como Joseph Ratzinger - e sua consecutiva remissão do cargo. Nada é por acaso! E, enquanto isso, rezo sutilmente para que não seja odiado por aquele(s) que amo, pronome no singular e no plural ao mesmo tempo, enquanto o Sol brilha, minha mãe costura, o rádio executa uma canção, meus cães dormem, meu nariz coriza e o mundo é lindo!

Wesley PC> 

Nenhum comentário: