Na madrugada de hoje, fui afligido por algo que os meus
amigos definem como “insônia improdutiva”. Depois de ter estudado bastante
sobre deliberação midiática e de ter assistido à interessantíssima cerimônia de
entrega dos prêmios dos sindicatos de atores hollywoodianos, não consegui
dormir nem tampouco me concentrar nalgum filme exibido na TV, por mais leve que
este fosse. Desesperado, deixei a televisão ligada por mais ou menos meia-hora
num canal provisoriamente liberado, que registra, através de pretensas quatro câmeras
simultâneas, os eventos ocorridos no interior da residência de luxo onde se desenrola
o atroz ‘reality show’ Big Brother Brasil!
Não obstante ser obviamente contrário a este abominável
programa, todos sabem o quanto sou culpado no que tange a uma legitimação
basilar e prototípica do fundamento publicitário do programa: “dar uma
espiadinha”. Sou um voyeur compulsivo: eu gosto de olhar! Pior: nutro uma
vergonhosa tara (física, unicamente carnal, epidérmica e exterior) por um dos
personagens do programa, o idiotizado Eliéser, engenheiro agrônomo goiano que,
numa edição anterior do programa, confessou ter se masturbado por debaixo dos
lençóis, numa descrição que inevitavelmente me excita até hoje.
Enquanto me esforçava para não prestar atenção ao que se
desenrolava nas telas quadriculadas, torcia para que Eliéser fosse o primeiro a
ir para o quarto. Dito e feito: ele despe-se vagarosamente e sensualmente, mas
as câmeras vetaram o meu deleite doloso e focalizaram discussões insuportáveis
e desnecessárias sobre os esquemas competitivos do jogo. Mais de uma câmera,
aliás, focalizavam os mesmos personagens, enquanto Eliéser talvez estivesse
punhetando novamente em seu leito. Fiquei irritado, desliguei a TV com raiva,
mas, ainda assim, o sono não veio. Despertei chateado: culpa de minha submissão
ao que de mais execrável existe na TV brasileira. Eu assumo!
Wesley PC>
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