Na madrugada de hoje, tive mais um daqueles sonhos estranhos
que caracterizam e infestam o meu subconsciente: estava na UFS, com vontade de
urinar. As dependências da Universidade assemelhavam-se à escola Glorita
Portugal, onde estudei durante a adolescência. Os banheiros eram infestados de
nadadores homossexuais, que se agarravam e se despiam diante dos bidês. Não me
deixaram mijar ali... Angustiado, dirijo-me até a mercearia de minha irmã
evangélica, localizada próximo à referida universidade. Ela havia acabado de
parir duas crianças: a primeira, um bebê normal; a segunda, um garotinho
chamado Mateus, que já nasceu falando.
Depois que usei o banheiro, no sonho, minha irmã pediu que
eu cuidasse de seus novos bebês (na vida real, ela tem sete filhos!), enquanto
ela ia comprar alguns víveres para restabelecer as prateleiras de seu armazém.
O problema: Mateus não parava quieto num lugar. O motivo: ele era uma pulga! Assustado que fiquei ao constatar isto, fui em busca de minha mãe, que trabalhava como cozinheira num
restaurante de sua ex-patroa. Ela estava muito mais jovem do que hoje em dia,
utilizava um corte de cabelo bastante curto e era constantemente elogiada pelos
clientes do estabelecimento, mas fora severamente repreendida por sua patroa,
em público, por ter esquecido um pequeno pente negro numa das mesas. Fiquei
constrangido, mas não soube como ajudar minha mãe, que apenas sorria. Sem saber
o que fazer, fui para um quarto nos fundos, onde um mosquiteiro amarelo-claro
indicava que faleceu alguém naquele cômodo. Acordei sentindo-me exageradamente
culpado, um tanto impotente...
Apesar deste sentimento culposo, tive um domingo
confortável. E, para coroar este bem-estar divergente com a agonia onírica,
assisti a um surpreendente filme de suspense ao lado de minha mãe: “O Abrigo”
(2011, de Jeff Nichols), sobre um funcionário que trabalha com perfuração de
solos (Michael Shannon) que sonha constantemente com uma tempestade
impressionante que se aproxima. Marido com uma costureira doméstica deveras
compreensiva (Jessica Chastain), pai de uma linda garotinha surda-muda (Tova Stewart)
e filho de uma mulher (Kathy Baker) internada há vinte e cinco anos numa
clínica de repouso por ser esquizofrênico-paranóide, este homem isola-se
progressivamente de todas as pessoas com quem se importa, temendo a aproximação
da tal tempestade, cujas gotas de chuva não são compostas de água, mas de um colóide
assemelhado a óleo de freio automobilístico. Completa e progressivamente assustado
(os sonhos premonitórios tornam-se cada vez mais intensos e violentos), ele endivida-se
completamente ao solicitar um volumoso empréstimo num banco, a fim de alargar o
abrigo anti-tempestades de sua residência. Impossível não pensar no subestimado
e incompreendido “Fim dos Tempos” (2008, de M. Night Shyamalan) ao final da
projeção...
Tal qual aquele filme, “O Abrigo” possui imagens e efeitos
visuais impressionantes – além de uma belíssima trilha sonora e uma fotografia
deslumbrante, a cargo de David Wingo e Adam Stone, respectivamente – mas o que
parece realmente relevante em seu discurso previdente subjaz no roteiro,
bastante complexo e muitíssimo bem-escrito pelo próprio diretor. Os diversos
conselhos econômicos ao longo da projeção deixam claro que este não é um filme
de suspense convencional: é um alerta! Recomendo de pé este filme – e já estou
previamente assustado acerca do que sonharei hoje, mas, ainda assim, considero
estes relatos subconscientes avassaladoramente bem-vindos!
Wesley PC>
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