Passei álcool nas mãos, mais de uma vez, mas a impressão de que elas continuavam sujas não me abandonava: tal qual uma lady MacBeth pornográfica dos dias atuais, ainda sentia aqueles poucos resquícios de esperma alheio, misturado a espuma de sabonete e urina, enquanto tentava aprender algo mais sobre a obra de Franc Roddam, cineasta britânico cujo longa-metragem de estréia [“Quadrophenia” (1979)], baseado numa ópera-rock do grupo The Who, eu vi na tarde de hoje – e não gostei, apesar de ter apreciado deveras o quartel final do filme, em que a música externaliza o estado de espírito atormentado do insuportável protagonista, abandonado pela família, pela namorada e pelos amigos depois que comete alguns erros recorrentes, envolvendo baderna e tráfico de anfetaminas. Na noite de ontem, eu cometi um erro, ainda que não o percebesse de imediato. E, no meu caso particular, esta impercepção era o problema: eu não olhei para trás...
Tomado por minha fobia urbana bastante conhecida, interrompi momentaneamente o círculo comunitário no qual submergi com tamanho afinco na última semana: não por coincidência, estes dois temas (a fobia e a comunidade) não param de me perseguir através das obras cinematográficas com que entro em contato, sendo estas tão distintas quanto “A Força do Mal” (1948, de Abraham Polonsky), “Fugindo do Inferno” (1963, de John Strurges) e “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (2012, de Christopher Nolan)... De tudo quanto é lugar cinematográfico, meus erros e acertos recentes se mostram metonimizados diante de mim. E, tal qual ouvi por acidente há pouco: “todo mundo tem maus momentos. Por isso, não podemos deixar que estes momentos maus sobreponham-se aos momentos bons que ainda podemos viver”. Sim, é verdade: e, além do álcool esfregado nas mãos, também passei perfume Musk em meu corpo: ainda que meu parceiro parassexual favorito já tenha se masturbado durante o banho hoje, não custa nada tentar pelo menos alisar os seus cabelos crespos um pouco...
E, sobre o título da postagem, tem a ver com uma canção composta por Erasmo Carlos e interpretada pela Elis Regina, a sétima faixa deste disco cuja capa serve de moldura [“Ela” (1971)], ao qual ouvi três vezes seguidas na manhã de hoje. E, cada vez que eu me deparava auditivamente com “Mundo Deserto”, eu pensava em mim mesmo, no que fiz de errado sem perceber, mas cuja culpa não é minha intenção negar:
“No mundo deserto de almas negras
Me visto de branco
Me curo da vida sofrida, sentida
Que deram pra mim
No mundo deserto de almas negras
Sorriso não nego
Mas vejo um sol cego
Querendo queimar o que resta de mim
Vivo no mundo deserto de almas negras
Vivo no mundo deserto de almas negras
Vivo no mundo deserto de almas negras
Na vontade de verdade
Eu quero ficar
E não acredito no dito maldito
Que o amor já morreu
Tenho fé que o meu país
Ainda vai dar amor pro mundo
Um amor tão profundo, tão grande
Que vai reviver quem morrer"...
Por essas e outras, eu peço desculpas públicas a meus amigos mais queridos: quero ter novamente o direito de reestruturar o círculo comunitário que tanto me encheu de encanto e motivação nestes dias egrégios de 2012... De coração, as minhas mais sinceras desculpas!
Wesley PC>
DOIS É DEMAIS EM ORLANDO (2024, de Rodrigo Van Der Put)
Há uma semana
2 comentários:
Meu álbum favorito de Elis Regina e,olha que aquele de 1980,''Saudade do Brasil''Vol 2,também é de lascar.
Passando álcool nas mãos em 2012!rs.
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