quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

UMA CHAGA QUE ME RASGA POR DENTRO, UMA MESMA CANÇÃO ‘POP’ REPETIDA N VEZES, O CANSAÇO FÍSICO, A TRAIÇÃO, O SOMATÓRIO DE TODOS ESTES RECEIOS, O ESCARAVELHO EM MINHA CAMA... A FORÇA QUE PROVÉM DE MEUS AMIGOS FIÉIS, EM SUMA!


Nunca tive pretensões de fingir que desgosto da cantora estadunidense Lana Del Rey: para além de suas obsessões videoclipescas pelo imaginário da bandeira norte-americana e pelas acusações confirmadas de que ela é uma invenção fonográfica com prazo de validade definido, aprecio sua voz lamuriosa, os temas mórbidos e/ou lúbricos de suas canções. Em “Paradise”, EP lançado na segunda metade de 2012 [ano em que ela também nos legou o belíssimo “Born to Die” (2012)], Lana Del Rey apresenta nove canções, sendo que pelo menos metade deste repertório é encantador para mim...

Desde a abertura do disco, ao som de “Ride”, canção que não me apetecia muito no início, mas que hoje me fisga pungentemente, ao término providencial com “Burning Desire”, encontramos faixas inusitadas como “Cola” (a terceira do álbum, em que ela compara o sabor de sua vagina ao do refrigerante Pepsi) e a regravação de “Blue Velvet” [quinta faixa, uma canção antiga que foi redescoberta pelas novas gerações depois que se tronou tema homônimo da obra-prima de David Lynch, “Veludo Azul” (1986)]. Porém, a canção que mais me faz sentir apaixonado – e um tanto entristecido, admito – é a segunda, justamente nomeada com o repugnante título – em seu coerente sentido ideológico – “American”. Na noite de ontem, inclusive, tendo chegado cansado de uma aventura cinefílica solitária e entremeada por pavores reais e imaginados, ouvi esta mesma faixa diversas vezes:

“You make me crazy, you make me wild
Just like a baby, spin me round like a child
Your skin so gold and brown…
Be young, be dope, be proud
Like an american”


Como estes versos (obviamente deslocados de seu contexto original) me fizeram sentido nesta noite de temor e cansaço! Mais do que temer o escaravelho que pode novamente se esconder em minha cama, sentia na alma a chaga desagradável de um arremedo de traição. Quem mais fere é quem fingiu estar próximo! Vou tentar dormir agora... Depois de ouvir mais um pouco de Lana Del Rey, é claro, sem medo de ser (in)feliz: amo os meus amigos, amo, amo, amo – os verdadeiros, diga-se de passagem!


Wesley PC> 

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