terça-feira, 6 de novembro de 2012

NOVÍSSIMO DISCO DO GORAN BREGOVIC: PRIMEIRAS IMPRESSÕES!

Na tarde de hoje, quando estava prestes a desligar o computador, descobri que meu músico favorito, o bósnio Goran Bregovic, emulador supremo da música cigana internacionalizada, havia lançado um novo disco: “Champagne for Gypsies” (2012). Não havia gostado muito de seu disco anterior, “Alkohol Šljivovica & Champagne” (2008), mas fã que é fã não desiste! E, mesmo receoso em me decepcionar, comecei a ouvir o disco mais recente cautelosamente, como se estivesse a desembrulhar uma relíquia recém-encontrada. Não era uma comparação vã, afinal: o disco é ótimo!

 A faixa de abertura, “Presidente”, é dançante e tão emocionada quanto uma canção flamenca, mas foi a faixa 02, “On a Leash”, que me fisgou de vez: fiquei tão apaixonado por sua letra masoquista que a repeti N vezes. Liguei para uma amiga que associei à letra da canção e ambos ficamos comparando nossas empolgações diante da inusitada genialidade da mesma, pois ela ser interpretada em inglês não configurou um problema: muito pelo contrário, aliás. Ela penetrou em mim como se eu compreendesse mui particularmente tudo aquilo sobre o que ela versava. Não era à toa: até mesmo os apitos do refrão me enterneceram, emocionaram e deixaram-me efusivo! A faixa 03, “Be That Man”, suspeitosamente cantada pelo grupo Gogol Bordello, é a menos interessante do disco, mas tem lá seus bons momentos... Mas nada que me impedisse de querer repetir novamente a segunda faixa (risos), à exaustão, aliás!

 Seguindo em frente com a audição pormenorizada, gostei bastante das faixas 04 (“Hopa Cupa”) e 05 (“Ciribirella Ciribirella”), mas ficou a impressão incômoda de que a alegria emulada nestas canções era contratual, pouco autentica, que nem aconteceu com o genial diretor cigano Tony Gatlif em seu filme aburguesado “Liberdade” (2009). Mas o músico me deu uma belíssima rasteira: a faixa 06 (“Bella Ciao”) é uma obra-prima, uma ode ao amor, uma perfeição... Daquelas que se repete e se dança freneticamente por execuções a fio...

 A faixa 09 (“Quantum Utopia”) pareceu-me gogol-bordelliana demais (no mau sentido do termo), mas não é ruim. É divertida, é contagiante, o mesmo contemplando o restante do disco, que não possui nenhum arrobo de genialidade similar às duas canções anteriormente mencionadas, mas coaduna-se à qualidade elevada do disco como um todo: o desfecho com a faixa-título, também em inglês, é delicioso. Deu até vontade de tomar aquela "champanha para a noite inteira" que a cantora oferece. Digo mais: não apenas me embebedei com esta ótima canção derradeira como tenho certeza de que ciganarei bastante ao lado de meus melhores amigos diante deste disco precioso, cuja expressão de êxtase do músico na capa é absolutamente obsedante, sedutora, desejosa, espetacular: ave, Goran Bregovic! 

 Wesley PC>

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