quarta-feira, 14 de novembro de 2012

EU NÃO DEVO SER ‘GAY’, SÓ PODE SER ISSO!

Na manhã de hoje, vi um filme horrendo, cujo título original é “All the Rage” (algo como “toda a raiva”) e, no Brasil, se chamou “O Solteirão” (1997, de Roland Tec). Não conheço o diretor e tampouco creio que me interesse por suas outras possíveis produções, mas o que me chamou a atenção neste filme foi a sinopse sobre um homossexual viciado em academias de ginástica que, aos 31 anos de idade, resolve desistir de sua vida fútil e promíscua e se apaixonar fixamente. O problema é que o filme legitima tudo o que parece condenar (inclusive em seu final moralista, de condenação à solidão para o protagonista malhado), fazendo com que nos interessemos justamente pelo que ele tem de mais efêmero: os corpos masculinos seminus.

 Apesar de eu ser um rapaz conhecido por minha lascívia, sou ainda mais conhecido por minha virgindade penetrativa. Muitos dizem que não tenho vontade de dar o cu porque nunca experimentei, mas, sinceramente, vendo este tipo de filme, não consigo entender o que leva tantas pessoas a gastaram a maior parte de seus dias pensando apenas em foder. Sim, porque num aspecto ao menos eu serei obrigado a elogiar o filme: em sua verossimilhança. Conheço muitas pessoas que são exatamente como aquele protagonista, volúveis, voláteis, indecisos, traiçoeiros, recorrentes em suas burradas genitais. Pergunta o melhor amigo do protagonista: “quando é que tu vais parar de passar a vida inteira pedindo desculpas e vivendo-a efetivamente?”. Me senti atingido pela pergunta: como responder a um troço destes?

Para além de toda a malevolência estrutural do filme – típica destas obras deslumbradas pelo se convencionou chamar de ‘pink money’ – ao menos o diretor merece algum crédito pelo pioneirismo na abordagem estritamente ‘gay’ (quando ele dirigiu este filme, ainda eram parcos os exemplares vendáveis de romances entre homens que amam homens, no sentido mercadológico do termo) e pela composição da divertida música ‘dance’ “Military Man”, que faz parte da trilha sonora e é repetida durante os créditos finais. Mas, fora isso, o filme é uma ode bifurcada ao capitalismo, ao fisiculturismo e ao conservadorismo imitativo. Sinceramente, não me contempla: não devo ser ‘gay’...

Wesley PC>

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