terça-feira, 2 de outubro de 2012

“FALE MAL DA POLÍCIA, NÃO DOS POLICIAIS!” (OU: FOCO NA DOENÇA, A PARTIR DA METADE DA PRIMEIRA TEMPORADA DE UM SERIADO)


“ – O que aconteceu com tua mão?
 - Acabei de esmurrar o meu melhor amigo! 
- Ouch! 
- Dói pra caralho (desculpe o palavreado)! 
- Eu estava me referindo ao teu amigo...”

 Há mais de seis meses que recebo recomendações deveras elogiosas sobre o seriado televisivo estadunidense “Homeland” (2011). Somente no domingo me dispus a iniciar a audiência dos 12 episódios de sua primeira temporada, suspeitando que fosse me identificar com a psicose profissionalizada da protagonista, magistralmente interpretada pela muitíssimo premiada Claire Danes. Dito e feito: até hoje, terça-feira, assisti a seis episódios e estou em transe, de tanto que o estado moral dos personagens tem a ver comigo!

 Basicamente, “Homeland” conta a estória de uma paranóia: um fuzileiro norte-americano (Damian Lewis) é resgatado no Iraque após oito anos de tortura e confinamento. Uma agente da CIA (a referida Claire Danes), com base numa confissão pessoal, suspeita que este fuzileiro, tratado por todos como herói, seja um traidor da nação, convertido ao islamismo extremista. Os diretores dos episódios (o especialista em tensão Michael Cuesta entre eles) manipula à revelia as expectativas espectatoriais, compartilhando as perspectivas de ambos os protagonistas, fazendo com que nos apeguemos igualmente a eles, ainda que tendamos a concordar que a agente da CIA tem razão em suas suspeitas. À medida que o seriado avança, entretanto, descobrimos que ela é viciada em remédios contra psicose e que ela pode estar se apaixonando pelo homem que investiga... Dizer mais, por enquanto, é especulação!

Repetindo: para além de suas qualidades técnicas e narrativas quase irrepreensíveis, o que mais impressiona neste seriado é a perfeita composição da protagonista Carrie Mathison, tresloucada, obcecada por trabalho, apaixonada por suas teorias conspiratórias e, apesar de estar sempre ocupada (ou talvez por isso mesmo), é uma solitária inveterada, uma mulher que não pode sequer se dá ao luxo de confiar nos amigos, salvo o companheiro mais velho de profissão Saul Berenson (Mandy Patinkin), que também possui seus segredos e frustrações pessoais interferindo em seu trabalho como investigador... Que seriado impressionantemente adulto este, visse? Gostei bastante!

Apesar de estar postagem ter como objetivo justamente o que aparece no corpo deste texto, acrescento um elogio particular em relação a “Homeland” no que tange ao oportuno momento em que comecei a assisti-lo, no sentido de que posso estar sendo afligido por germes de ciúme (e/ou inveja) nos últimos dias, germes estes que, se regados, podem se transformar em sentimentos nocivos que podem prejudicar o meu relacionamento estimado com alguns de meus melhores amigos. Hora da profilaxia supra-televisiva, Wesley! 

Wesley PC> 

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