domingo, 30 de setembro de 2012

TUDO NO MUNDO TEM UM PREÇO, AINDA QUE HAJA ALGUMAS PROMOÇÕES...

Na noite de ontem, formulei uma exceção idiossincrático-institucional: “além de sorveterias, estou apto a me sentar em pizzarias sem me sentir tão capitalisticamente incomodado”! Pode parecer um truísmo, uma babaquice, mas a formulação deste ultimato concessivo me é deveras importante no que tange à delimitação dos espaços de consumo explícito que ainda me disponho a freqüentar neste mundo (quem me conhece, sabe o quanto a minha apreciação dos supermercados tem a ver com isto). Problema resolvido?

 Se, por um lado, o parágrafo acima parece me tranqüilizar acerca de um desentendimento básico acerca do mundo ao meu redor, por outro, ele me beneficia em nível terapêutico elementar. Porém, mesmo que eu estivesse à vontade na tal pizzaria que, segundo o que é visto na foto, oferece desconto em relação às sobremesas consumidas, no momento em que esta foto foi tirada eu me agoniava mentalmente: havia desgostado absurdamente de um filme que havia visto entre amigos. Eles sorriram bastante durante a sessão e insistiram que o filme era “bobo”, mas eu não apenas não achei graça como me senti tolhido pela malevolência da obra em pauta, cujo título eu prefiro não citar por ora, enquanto me acostumo com o bloqueio criativo esporádico que me impede de começar a escrever a crítica difamatória sobre ele...

Depois de ter estado nesta pizzaria, fui a um espaço boêmio e concomitantemente melancólico com alguns dos amigos mais queridos que nutro em vida e, em seguida, estive na casa do meu companheiro de mesa, que me apresentou a um disco interessantíssimo de ‘indie rock’ [“Simple Math” (2011), de Manchester Orchestra], o qual estou a ouvir agora e gostando muito. Salvo por mim, por ele e por uma rapariga adorável que estava conosco, as pessoas que ouviram a sexta faixa (“Virgin”) do referido álbum, na madrugada de ontem para hoje, não gostaram do que ouviram. E esta divergência natural e saudável de apreciações ficou me angustiando levemente nesta noite de domingo: é como se eu estivesse a me sentir culpado por ser diferente, frívolo em relação à obtenção do bem-estar artístico que eu tendo a ressacralizar... Talvez seja um dilema idiota (como eu próprio, inclusive), mas ele está aqui, ele se manifesta, ele penetra os versos da canção que ouço e repito:

“We built this house with our hands, and our time, and our blood 
We built this up in one day to fall downward and rust 
We built this house with our hands, and our time, and our blood 
You built this up in one day to fall downward and rust” 

Em suma: sinto-me contente neste exato instante. Perturbado psicologicamente, preocupado com o bem-estar metafísico de meu melhor amigo, ciente de que nossas “diferenças constitutivas” possam engendrar desentendimentos futuros, hipnotizado por sanções platônicas, mas contente assim mesmo. E é nisso que eu talvez me convenha focar, por enquanto. Quando o futuro chegar, estarei aqui para ele!

Wesley PC> 

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