terça-feira, 25 de setembro de 2012

A PAIXÃO INSUPORTÁVEL!

O ponto de exclamação no título acima não é casual: após a sessão de “Buffalo ‘66” (1998), filme dirigido pelo desengonçado Vincent Gallo, eu estava apaixonado. Não sei direito por quem ou por que, mas estava. Por mais insuportável que eu estivesse achando o personagem principal (muito parecido com alguém ao qual eu e meus amigos referimo-nos justamente como “o insuportável”), a devoção surpreendente da personagem de Christina Ricci a ele me encantou, me encheu de inveja saudável (se é que esta existe): deu-me vontade de fazer exatamente o mesmo!

 Na teoria, “Buffalo ‘66” funciona melhor que na prática: um ex-presidiário sai da cadeia após estar confinado por oito anos (tendo confessado um crime que não cometeu) e, no primeiro minuto fora da cadeia, enfrenta um dilema básico: quer urinar, não acha onde e um guarda não deixa que ele utilize o banheiro da prisão. Após diversos desentendimentos, rapta uma garota que estudava dança e pede que ela finja que é sua esposa, a fim de não decepcionar mais os seus pais, vividos por Anjelica Huston e Ben Gazzara. Ela não apenas anui como, ao longo do filme, vai se apaixonando por aquele homem bruto, que não permite que ela a toque, o beije, entre na banheira consigo ou demonstre qualquer afeto. Mas dizem que o amor é mais forte. Talvez aqui tenha sido: saí da sessão me sentindo completamente apaixonado!

 Antes do filme, eu havia sonhado que me interessava sexualmente por um rapaz recém-afligido por sífilis. Vou esperá-lo num bar, onde funciona um cinema improvisado, e sou cortejado por um graduado em Ciências Econômicas que estuda comigo no Mestrado. Ele alisa a minha bunda esquálida e diz que tem interesse em me namorar, mas eu me sinto “prometido” para outra pessoa, disse-lhe que iria pensar. Beijamo-nos brevemente, mas eu sou viciado na espera. E, afinal, acordei, temendo ser preso, querendo confessar algo (embutido de um largo ponto de interrogação) a alguém que também apareceu em meu sonho. A realidade, porém, não me permitiu: aceitei o insuportável como válido. Até agora, não me arrependi. Bonito filme!

 Wesley PC>

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