sábado, 18 de agosto de 2012

AO INVÉS DE PENSAR NA TRISTEZA...

“Os Limites do Controle” (2009, de Jim Jarmusch) ficou muito tempo comigo após a sessão. Para além da genialidade de sua composição e dos enigmas compositivos de seu enredo, o que mais me impressionou no filme foi a significativa participação da belíssima atriz Paz de la Huerta, nua durante a maior parte do tempo. Encantada com a sua capa de plástico, sua personagem vive uma espécie de romance assimétrico com o protagonista vivido por Isaach de Bankolé, sempre de cara fechada, que em momento algum se dispõe sequer a se despir quando ela está presente. Mas, no contexto do filme, tudo fazia sentido...

De ontem para hoje, aconteceu um desentendimento que me trouxe novamente à tona a beleza triste do filme. Não necessariamente um desentendimento, mas uma supressão dialogística, que tem muitíssimo a ver com o universo jarmuschiano: fui preterido num evento entre amigos. Não sei se foi proposital, se foi um acidente, se não foi sequer um evento, mas, para além das verdades, as minhas conclusões lamentosas sobre o fato redundaram num consolo bastante assemelhado à autossuficiência do protagonista deste ótimo filme, que ensaia passos de ioga antes de se aventurar por suas misteriosas missões em terras espanholas em que se fala espanhol...

 Na noite de ontem, perguntaram-me quão bem me faz ficar diante de alguém sem roupa. Não consegui encontrar um superlativo à altura para emoldurar a minha resposta, tendo precisado recorrer a uma metáfora religiosa: “me sinto pleno, paliativamente pleno”. Isso diz alguma coisa? Hoje, eu não quero pensar na tristeza!

 Wesley PC> 

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