quarta-feira, 4 de julho de 2012

“VOCÊ GOSTA DE MIM AGORA? VOCÊ GOSTA DE MIM AGORA? VOCÊ GOSTA DE MIM AGORA? VOCÊ GOSTA... DE MIM... AGORA?”

Não assisti ao filme “O Libertino” (2004, de Laurence Dunmore) da forma adequada: dublado e interrompido por vários intervalos comerciais inconvenientes num canal fechado (e subestimado) de TV, tive acesso às primeiras imagens deste filme pelo menos dez minutos após o seu início. Um longo plano giratório em torno de um teatro cujos participantes faziam questão de berrar suas preferências sexuais e/ou escatológicas me fez querer prestar atenção a esta obra, tão elogiada pelo público, sem nenhuma nudez – apesar da obrigação de seu tema – e que poderia ser apelidada de “filme sub-greenawayniano ‘pop’”. A ótima trilha sonora de Michael Nyman – justamente um colaborador habitual de Peter Greenaway –, a fotografia baça de Alexander Melman e as ótimas interpretações de John Malkovich, Samantha Morton e do protagonista Johnny Depp me obrigaram a prestar atenção ao filme, bem como a delicada recepção de meu companheiro de sessão, um jovem sonolento, que adormecia enquanto eu fazia cafuné em seus cabelos crespos, diante de sua mãe com tosse...

Até então, não conhecia o personagem-título, o conde John Wilmot de Rochester (1647-1680), mas fiquei logo fascinado por suas peças teatrais entupidas de luxúria e crítica social. Contratado pelo rei da França para criar uma trama que enobrecesse a corte de seu país, o libertino realiza uma obra absolutamente pornográfica, que o faz ser perseguido e, vivendo na clandestinidade, acentua os efeitos fatais da gonorréia, da sífilis e do alcoolismo que, juntos, o conduziram a uma morte precoce. O que mais me impressionou no roteiro do teatrólogo Stephen Jeffreys foi a sua recusa de um tom condenatório ou comiserativo à biografia do protagonista. Ao invés disso, ele nos lega diálogos preciosos em sua amplitude amoral, como, por exemplo, quando o conde de Rochester encontra uma mulher na rua, a abraça e pergunta: “tu sentiste saudades de mim?”. Ela, seca: “do teu dinheiro”. Ele, sorridente: “melhor assim. Detesto prostitutas com sentimentos”. Fomos conquistados no ato, eu e meu companheiro de sessão.

Conforme relatei anteriormente, o rapaz que tendia a assistir ao filme comigo logo adormeceu. Admirei a robustez de seu corpo por alguns minutos, mas decidi ver o restante do filme em casa, estava interessado no modo como o enredo estava sendo desenvolvido. Lá chegando, percebi que minha mãe via outro programa, de modo que dei como desistente o meu intento espectatorial. Voltei à casa do rapaz e pedi à sua mãe para assistir alguns minutos do filme até que o seriado televisivo que minha mãe via acabasse. Ela consentiu. E, de canto de olho, vi que o objeto de meu desejo caminhava por sua casa, usando uma cueca vermelha que revelava toda a imensidão de seu vigor fálico. Numa cena do filme, uma atriz pergunta ao seu mentor teatral: “tu sentiste vergonha de mim, no palco?”. Ele: “muito pelo contrário. Não suportei o esplendor de teu brilho”. E, ao invés de abrir logo o chuveiro, o rapaz demorava no banheiro, dedicando-se a algo que eu intuía como masturbação...

 Abandonei o filme mais uma vez e fui para um quarto contíguo ao banheiro, de onde pude perceber ruídos de movimentação manual repetitiva. Completamente excitado, aproveitei que sua mãe se empanturrava de ovos de codorna na sala e me dependurei sobre a pia da cozinha, a tempo de ver o rapaz de costas, pouco após a ejaculação, juntando os jatos de esperma no chão e limpando as gotas preciosas de sêmen que caíram sobre sua panturrilha. Ele não me viu, de modo que aproveitei a deixa para vê-lo de frente, o pênis intumescido na glande, amolecendo gradualmente, após ter saciado o seu sonolento portador. E, incapaz de conter o meu fulgor igualmente ejaculatório, ingeri alguns mililitros de meu próprio gozo, ali mesmo, diante dos armários de sua cozinha.

 Ejaculado, corri para casa, a fim de ver o restante do filme. Esqueci os meus óculos em sua cozinha, voltei para buscá-los, mudei o canal e fui sendo conquistado cada vez mais pela perfeita composição interpretativa do versátil Johnny Depp. Entretanto, ainda estava muito excitado: precisei abandonar o filme mais uma vez para masturbar-me novamente na minha cozinha. De volta à sala, sentei-me numa cadeira de balanço e vi o filme até o final, exultando particularmente quando o protagonista vira-se para uma de suas amantes – em verdade, a preferida – e atira as seguintes palavras: “jamais te perdoarei por teres me ensinado a amar a vida”. Sem pestanejar, transcrevi esta ameaça em meu aparelho de telefonia celular e a enviei para duas pessoas: o rapaz que motivara minhas duas ejaculações sôfregas e consecutivas e alguém que, num contexto similar, talvez dissesse o mesmo sobre mim. E, num caderno depositado na casa do masturbador contumaz que tanto me excita e sacia, eu escrevi a palavra esperança, na noite de anteontem. Era um bom augúrio, atrevo-me agora a pensar...

Wesley PC> 

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