segunda-feira, 30 de julho de 2012

(VÁLVULAS DE ESCAPE) – PARTE 1 DE 2: DOMINGO À NOITE

Às 20h05’, pontualmente, marquei de estar num lugar, diante da porta de alguém, houvesse o que houvesse. Chovia. Pouco antes deste horário, eu e minha mãe víamos “Reino Animal” (2010, de David Michôd), filme australiano elogiadíssimo pela crítica, cuja audiência eu protelei por bastante tempo. Não duvidava que o filme fosse muito bom, mas intuía que ele era hiperestimado por seus admiradores. Terminada a sessão, eu confirmei o que intuía. Mas, hoje, mais de doze horas após tê-lo visto, ainda sigo pensando neste filme: muito bom mesmo!

 Um detalhe que muito me chamou a atenção e que minha mãe fez questão de destacar é a vasta quantidade de cenas em que há um televisor ligado em volume alto: logo na primeira cena, quando Joshua Cody (James Frecheville), o protagonista adolescente do filme, chama uma ambulância para tentar resgatar a sua mãe, que teve uma overdose de heroína no sofá, as reviravoltas de um programa televisivo de perguntas e respostas parecem mais importantes que a morte iminente da mulher. Dito e feito: na cena seguinte, o filho da defunta toxicômana telefona para a sua avó, com que não se relacionava há muito tempo, e comunica-lhe a morte da filha dela. Acostumada a lidar com situações difíceis a partir de uma convocação oportuna de seu lado otimista, a mulher não se entristece com o fato, sendo coagida pela situação a convidar o neto para viver com ela. A família Cody, entretanto, é notória por suas atividades criminosas e Joshua logo se verá imerso numa espiral de imoralidade que o fará concluir de imediato: quem pratica atividades criminosas, sempre termina mal. Sempre!”. 

 Não sei se cabe aqui desvelar os acontecimentos do filme [eles são delicadamente surpreendentes: vejam-no!], mas adianto que ele ficará eternamente marcado em meu subconsciente como a obra de arte que apaziguou o meu ânimo após uma tarde de fúria e tristeza. Sentimentos exacerbados por um desentendimento inconsciente talvez, mas sentimentos reais, que estiveram dentro de mim e me perturbaram. E, lá fora, choveu, mas, às 20h08’, eu estava no local que disse que estaria. Sou assim: ninguém duvide!

 Wesley PC>

2 comentários:

Eduardo Salvalaio disse...

Como vc disse, por conta de algumas críticas a favor que li, tb fiquei curioso em ver esse filme. E confesso, vi, e pretendo rever em outra ocasião. Acho que aquela meia hora final precisa de um pouco da nossa atenção mesmo, ponto para um roteiro que faz o espectado pensar. Por horas achei o personagem de Josh tal qual um boneco, mas convenhamos, no meio de uma família como aquela, pessoas como Josh são facilmente manipuladas. Vc lembrou bem o lance do televisor sempre ligado. E sim, muitas famílias neste mundo possuem um Pope, concorda? Perfeito o texto e gostei muito daqui.

Gomorra disse...

(risos)


Mais cedo ou mais tarde, ti descobrirás o "reino animal" em que me insiro (risos)

E obrigado pelo comentário, visse?

Este filme, de fato, merece nossa atenção e nossa revisão apaixonada!

WPC>