quarta-feira, 11 de julho de 2012

“TE ACOMPANHO OU TE PERSIGO?”

Na madrugada de hoje, tive metade de um sonho em preto-e-branco. Estava diante de um supermercado, com vontade de roubar algo. Desisti na última hora. Percebi que, ao lado do supermercado, havia uma locadora de DVDs japonesa muito interessante. Além dos preciosos títulos cinematográficos disponíveis para locação, no local, vendiam-se deliciosos pudins. Os reivindicantes juvenis esquerdistas da UFS eram clientes habituais do lugar, mas eu fiquei com pena de gastar R$ 15,00 num pote pequeno de uma iguaria azul. Estava com água na boca, mas achava que o preço não valia a pena. De repente, me deparo com um fotógrafo musculoso do lado de fora. Sem pestanejar, paguei-lhe o tal pudim caro. Flagrei-o tomando banho, ao final. Valeu a pena: as cores haviam voltado à minha vida!
Depois de ter compreendido o que este sonho quis me dizer, enviei algumas mensagens pendentes e escolhi algum filme para ver no quarto de meu irmão. Optei por uma comédia espanhola sobre a qual nada sabia, exceto que sua temática era homossexual: “Amor de Homem” (1997, de Yolanda García Serrano & Juan Luis Iborra). Pouco a pouco, fui me identificando: uma professora solitária é inassumidamente apaixonada por seu melhor amigo ‘gay’. Amor platônico, que a leva a gastar a maior parte de seu tempo tentando arranjar um namorado para ele, que é promíscuo, não se apega a ninguém. Até que ela finalmente o apresenta a um professor de Educação Física, que, na verdade, é um nocivo michê. A amizade dos dois é posta à prova: ela tenta demonstrar que, se ele está feliz, ela está feliz também. Ele está cego de prazer. Mas a amizade é mais forte. A amizade é mais forte? “Definição de amigo: aquele que não te deixa ficar sério”. “Definição de seriedade: blá-blá-blá!”. Sem perceber, John Cassavetes, em seu “Faces” (1968), agiu como psicoterapeuta. Quando eu quis comer o tal pudim azul de quinze Reais, não o comprei. Quando um homem gostoso assim o desejou, não pensei duas vezes: é o vazio, o medo do vazio, o desejo enrustido pelo vazio...

 Wesley PC>

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