segunda-feira, 2 de julho de 2012

“SE VOCÊ QUISER FICAR COMIGO, VAI TER QUE SER DE IGUAL PARA IGUAL!”

Não consigo dizer muito sobre “Vera” (1986, de Sérgio Toledo) por ora. Estou muitíssimo impressionado com o que vi, escandalizado diante de tamanha pujança! É um filme forte, belo, sem saída: a protagonista, magnífica e impressionantemente vivificada por Ana Beatriz Nogueira, prefere ser chamada de Bauer. Olhando diretamente para a câmera, ela nos atinge com suas palavras e gestos potentes: “eu sou um homem. Será que você não consegue ver isso?!”. O alvo direto de seu questionamento é sua namorada Clara, vivida por Ainda Lerner, que faz de tudo para vê-la sem roupa, mas se envergonha, não deixa. Numa das cenas mais geniais e dolorosas do filme, o funcionário do orfanato em que Vera passou a sua adolescência tenta forçar um grupo de moças masculinizadas a usar vestidos. Antes disso, ele introduz meninos na ala feminina da instituição a fim de diminuir os indícios de lesbianismo no local. Para algumas das meninas, a estratégia é funcional. Para outras, é só um teste para saber quem é machona de verdade. Indiferente a um questionamento que lhe é alheio (ela se sente homem!), Vera se masturba no banheiro. E, ao final do filme, eu me angustiava ao lado dela, reproduzida em várias telas de TV. Não consigo dizer muito sobre este filme agora: estou impressionado!

Wesley PC>

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