sexta-feira, 1 de junho de 2012

DESAFIO SEMANAL DOS 11 FILMES - #10: “O CÃO BRANCO” (1982, de Samuel Fuller)

Quando eu era criança, “O Cão Branco” era comumente exibido na Sessão da Tarde da Rede Globo. À época, eu ainda não sabia da importância de Samuel Fuller para a História do Cinema, mas a sinopse deste filme sempre me chamou a atenção: “aspirante a atriz atropela um cachorro e, com o tempo, percebe que ele fora treinado para atacar apenas pessoas negras”. Inusitado viés para o racismo: mais cedo ou mais tarde, eu tinha que ver este filme!

Hoje em dia, a programação das televisões abertas raramente exibe filmes produzidos antes do ano 2000. Tinha que adquirir este filme por outros meios: na semana passada, o baixei pelo YouTube e, ao meio-dia de hoje, realizei o antigo desejo de vê-lo: e, caramba, é muito melhor do que eu imaginava. Samuel Fuller é um gênio mesmo!

Apesar de ser um filme fulleriano tardio (ele realizaria apenas mais dois depois desse), “O Cão Branco” revela um impressionante domínio da narrativa e da ‘mise en scéne’. O pastor alemão que nomeia o filme é um excelente personagem, muito delicado em seu misto de animal protetor e fera assassina. As seqüências de assassinato são atordoantes, bem como a impressionante condução suspensiva do ótimo roteiro. E, quando eu cria que o filme apresentava um ponto de vista otimista acerca da cura do ódio programado, um desfecho surpreendente e acachapante me deixou sem palavras por alguns instantes: glupt! Como reagir àquilo? O que eu poderia fazer se estivesse no lugar da protagonista? Como entender que apenas o sacrifício parecia socialmente viável numa situação como aquela? Um ótimo filme, muitíssimo melhor do que eu próprio esperava. Se eu o visse quando criança, talvez não tivesse tantos cachorros quanto tenho hoje. Ou, então, teria estudado para ser veterinário (risos). Samuel Fuller é mesmo um gênio! 

Wesley PC>

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