terça-feira, 5 de junho de 2012

DE CÉU A CÉU: DO ENFADO À LEMBRANÇA (NÃO TÃO BOA?) DE QUEM SE AMA

Hoje eu encasquetei de ouvir a cantora paulistana CéU. Possuía aqui em casa o seu primeiro disco [“CéU” (2005)] e o seu lançamento mais recente [“Caravana Sereia Bloom” (2012)]. Para ser sincero, achei ambos muito chatos. Mas tenho motivos para lembrar de pessoas queridas por causa destes discos: o primeiro costumava ser consumido por osmose quando eu freqüentava festas públicas. Era muito comum ouvir “Malemolência” e, principalmente, “Roda”, as canções mais famosas do disco, quando os técnicos de som de algum evento preparavam o equipamento entre a apresentação de uma banda e outra. Ouvindo o disco na íntegra, não descobri nada que me agradasse por completo, ainda que um trecho da letra da terceira canção insista em me encantar positivamente: “Menino bonito, menino bonito, ai! É tudo que eu posso lhe adiantar: o que é um beijo se eu posso ter o teu olhar?. O quê? Ah, como estes versos resolvem bem o meu trauma oscular longevo: o olhar cativa, o olhar apraz!

Do disco mais recente, ouvido na manhã de hoje, talvez eu tenha gostado ainda menos. Por mais elogios que ele tenha recebido da crítica especializada, no sentido de que está menos atrelado aos clichês da MPB hodierna e mais roqueiro (o que eu discordo veementemente), achei o disco enfadante. Para não dizer que não há nada que se aproveite bastante ali, admito que a última faixa, “Chegar em Mim”, é um pitéu, para além de sua letra prenhe de autoconfiança conquistadora (“o perfume chega pra dizer: se eu fosse você, já tinha chegado em mim”). Fiz questão de repeti-la duas vezes seguidas, enquanto urinava (risos). Lembrar de quem se ama tem esse tipo de efeito colateral, ainda que a lembrança em pauta não seja tão boa. Outro dia, eu explico, quem sabe? Talvez não seja o momento mais adequado de remexer nesta ferida. Talvez a CéU não mereça ainda tanta relevância associativa. Não que ela seja ruim – estou ouvindo-a novamente com mais cuidado agora, para tentar me convencer do contrário – mas é tão formulaica que enfastia. Será que o disco do meio [“Vagarosa” (2009)] é melhor que os dois que ouvi hoje? Por ora, não me arrisco a arriscar (risos). O que foi ouvido até então é suficiente enquanto mantenedor de uma perigosa nostalgia...

Wesley PC>

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