segunda-feira, 7 de maio de 2012

“A TRISTEZA DURA PARA SEMPRE”...

Num dos minutos conclusivos de minha epifania intelectual de três dias, sediada numa universidade particular de Sergipe, testemunhei o palestrante Luiz Carlos Oliveira Junior responder de forma impressionantemente corajosa à pergunta de alguém da platéia, que lhe indagou qual seria seu filme favorito. Obviamente, ele não poderia escolher apenas um, mas, dentre os vários nomes que viera m imediatamente à sua lembrança, apenas um foi citado: “A Nossos Amores” (1983, de Maurice Pialat), acrescido da seguinte advertência: “é um dos filmes de minha vida!”. 

Por coincidência, eu possuía uma cópia desse filme em casa. Há alguns meses, um amigo virtual bastante inteligente e sensível destacou algumas qualidades inerentes desta elogiada produção francesa em minha casa. À época, eu havia me interessado deveras pela sinopse carregada de sexualidade e me impressionara ao constatar, fotograficamente, que a taciturna Sandrine Bonnaire já fora adolescente. Sete meses se passaram desde que eu adquiri o filme, até que um elogio empolgado e atrelado a um egrégio contexto platônico me obrigado a ver o filme. O fiz na tarde de hoje...

A despeito do que apregoa o pesquisador cinematográfico Jean Tulard, não achei “A Nossos Amores” uma obra-prima, pelo menos, não numa primeira visão: tive problemas para entender o filme, para mergulhar em seu universo familiar explosivo e dissolvente, para introjetar comparativamente os paroxismos incestuosos emulados pelo roteiro e pela direção selvagem do Maurice Pialat, que, entre diversas outras funções, também trabalha como ator. É um bom filme, mas não me arrebatou como eu esperava...

Numa das cenas mais intrigantes do filme, um personagem pergunta aos demais convidados de uma mesa de jantar se eles sabiam o que o pintor Vincent Van Gogh (biografado noutro filme do diretor) falou antes de morrer. A despeito das especulações responsivas dos mesmos, ele continua tecendo elucubrações acerca da tristeza, até ser expulso de casa por sua ex-mulher, que torna-se cada vez mais histérica em contato com as manifestações sexuais espontâneas de sua filha, cujo marido, antes de se casar com ela, confessa: “à noite, quando eu me despeço, vou a um puteiro e penso em ti. Tu te incomodas?”. Ela não responde, então. Eu fiz questão de divulgar esta frase para alguns amigos, via mensagem de celular. Às vezes, eu entendo a tristeza (que “sendo sentida, não é devidamente compreendida”). Outras vezes, não...

Wesley PC> 

Um comentário:

Jadson Teles disse...

e eu fiquei com muita vontade de ver esse filme mesmo você não gostando tanto, e preciso dizer que ""filmes da vida" são assim funcionam a base de osso bojo memorial?!

J.