terça-feira, 22 de maio de 2012

PARA QUE SAIBAM QUE EU FALO SÉRIO, UMA CENA DE FILME:

Claude e Philippe estão deitados numa mesma cama. São apenas jovens amigos, sem maiores pretensões além do dia-a-dia. Um deles está dormindo. O outro permanece acordado. Na madrugada, um deles sente a compulsão de alisar o corpo do outro. Sonolento, este permite, estimula. Um se apaixona, o outro não, conforme anuncia a sinopse acostada aqui. O que sem apaixona persegue o que não está apaixonado. Este o rejeita, não mais permite que se alisem. Ao final, o dinheiro dá o tom. É como se fosse uma metonímia: um filme curto, porém simplesmente apaixonante!

Apesar de este pequeno filme de apenas 44 minutos ter ficado desconhecido para mim por mais de trinta anos, depois de visto, ele vai de encontro a seu título e tornou-se importantíssimo para mim: “Uma História Sem Importância” (1980, de Jacques Duron) é um filme que transforma em palavras, imagens e sons algumas memórias e conseqüências daquilo que eu apelido de assimetria do desejo. Enfrento situações como aquela por muito tempo. E enfrentarei bem mais, tenho certeza. Mas não me arrependo: faço cada segundo ao lado de quem eu aliso valer a pena. Ao menos, para mim e para quem se preocupa comigo. Pois não sei como perguntar ao rapaz em pauta se ele está apreciando ou não o que lhe faço. Confio apenas em seus suspiros concessivos e ereções incontidas. Já é algo, quiçá o bastante!

Wesley PC>

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