sexta-feira, 25 de maio de 2012

EU ACREDITO EM DEUS, EU INSISTO EM ACREDITAR EM DEUS!

A cópia de “A Cicatriz Interior” (1976, de Philippe Garrel) de que disponho não possui legendas. O filme tem trechos falados em inglês, em alemão e em francês, mas quem disse que eu senti falta das legendas? Não porque tenha entendido o que os personagens dizem efetivamente, mas porque o filme em si é de uma genialidade gritante, num idioma de alma, de coração, de Deus...

Por vezes, lembra os filmes mais mitológicos de Pier Paolo Pasolini; noutras vezes, remete aos filmes sacros do Luís Buñuel. Em mais de uma situação, as imagens sublimes de Sergei Paradjanov vêm à mente, mas, no geral, “A Cicatriz Interior” é um filme do Philippe Garrel. E ele só parece consigo mesmo. Genial, absolutamente genial!

Não sei se resumir a trama é importante aqui, visto que o filme é composto por elementos epifânicos quiçá alineares: uma mulher sozinha no deserto é arrastada por um homem. Noutro momento, uma criança dá voltas ao seu redor. Em seguida, ela cavalga, ao lado da criança. Depois, um arqueiro nu sai do mar. A criança aparece brincado na neve espumada. O deserto ainda está lá, tendente à vulcanização, ígneo do começo ao fim, ao som das canções graves da cantora-protagonista Nico. Fiquei apaixonado pelo que vi. E cri em Deus durante a sessão, tanto quanto cria antes e quanto permaneço a crer agora, no intervalo entre o depois e a revisão.

Wesley PC> 

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