terça-feira, 29 de maio de 2012

DESAFIO SEMANAL DOS 11 FILMES - #01: “ESCRAVO DE UMA PAIXÃO” (1915, de Frank Powell)

Esse é um daqueles filmes que eu não conhecia até o último fim de semana, mas do qual, de uma hora para outra, tornei-me informativamente íntimo. Na noite de sexta-feira, folheei descompromissadamente um daqueles livros enciclopédicos sobre cinema, editado por um tal de Philip Kent, que elogiava sobremaneira o filme. Não sosseguei enquanto não o baixei e o vi. Respeitando a cronologia dos 11 filmes escalados para o Desafio, ele foi o primeiro a ser assistido. E, infelizmente, não gostei tanto dele quanto esperava. O roteiro é simplório, desgastado e pouco criativo, apesar de ser baseado num poema. Por ser baseado num poema, entretanto, o filme possui belíssimos intertítulos. Logo no começo, por exemplo, quando marido, mulher e filha pequena contemplam o pôr-do-sol, aparece um letreiro com a frase “o crepúsculo da felicidade”, anunciando que, dali por diante, seria só ladeira abaixo. O que eu não esperava é que fosse tão irremediável. Não há redenção ao final, uau!

A trama, conforme já dito, é óbvia: um rico advogado bem-casado apaixona por uma vilanesca mulher que encontra num cruzeiro. Ela acabara de estimular e testemunhar o suicídio de seu amante anterior, ultrajado ao limite. Ele passa pelos transportadores do cadáver ainda na rampa do navio, mas desdenha deste augúrio, da mesma forma que ignorou o temor de sua esposa quando uma tempestade se anuncia pouco antes do advogado viajar para Londres. E, não importa o que aconteça daí por diante, ele não consegue se esquivar do impressionante poder de sedução da malévola personagem, interpretada pela mística estrela do cinema mudo Theda Bara. Mas, em minha apreciação, não é ela quem fisga por completo o espectador, mas sim a pequenina Runa Hodges, que protagoniza as melhores cenas do filme: quando brinca com os óculos e o jornal de seu pai no segmento “a inocência toma café da manhã”; quando reza para que seu pai volte para casa; quando pergunta a sua mãe se a cruz é um símbolo do amor (ao que a mãe responde: “às vezes, o amor é uma cruz”); e quando sua mãe a carrega para sensibilizar o pai bêbado e falido, que se emociona por alguns minutos, mas logo sucumbe diante do charme demoníaco de sua amante. Não é um bom filme, mas possui ótimos momentos. Estes contam!

Wesley PC> 

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