sexta-feira, 13 de abril de 2012

E, QUANDO EU PENSAVA QUE O QUE "NÃO PRESTAVA", DE FATO, NÃO PRESTAVA...

Ontem à noite, enquanto esperava por alguém numa casa que fora deixada aberta sem ninguém em seu interior, assisti a algo que estava sendo exibido na TV que também fora deixada ligada. Tratava-se de um capítulo de telenovela, em que um rapaz fora resgatado da rua, numa madrugada, pela cozinheira recém-contratada de sua casa. Ele era sonâmbulo. A situação dramática como um todo foi muito mal-conduzida e, definitivamente, eu não fiquei com um pingo de vontade de assistir ao capítulo da telenovela até o final, mas, de alguma forma, aquilo em afetou. Mas era em vão esperar por alguém naquela noite. Fui para casa.

Deitado no sofá da residência em que habito, recebi algumas mensagens de celular de um amigo que, aparentemente, não conseguia controlar com afinco os seus atos desejosos (de ordem erótica, principalmente). Aconselhei-o da forma que pude – sendo eu mesmo uma vítima desta mazela psicológica – e, no dia posterior (ou seja, hoje), assisti por acaso a um filme B que estava sendo exibido na TV: “In My Sleep” (2010, de Allen Wolf). Apesar de ser fisicamente atraente (leia-se: oportuna e comercialmente sensual), o filme era obviamente ruim. Resolvi enveredar por aquela sessão a fim de (des)oxigenar o cérebro, depois de ter sido atingido por diversos filmes de qualidade crítica superior. Aos poucos, entretanto, fui percebendo que o filme tinha muito a ver com o que eu e meu amigo enfrentávamos...

Na trama, o protagonista (interpretado por um tal de Philip Winchester) é um massagista apaixonado pela esposa de seu melhor amigo. Compreensivamente, ele não admitia isso, de modo que, em suas crises de sonambulismo, ele se descobriu dormindo com ela, que engravida dele. Depois de algum tempo, ele desperta sujo de sangue. Não sabe o que fez na noite anterior, se apavora, mas tenta seguir com sua vida normal. Ele trabalha como massagista, o que permite que conheça muitas mulheres atraentes. Admite-se como viciado em sexo num grupo de terapia. Na noite de seu aniversário, ele recebe um presente supostamente assinado por ele mesmo: uma faca afiadíssima, acompanhada por um cartão onde se lê “use-a bem!”. À medida que o filme avança, sabemos que o massagista fora acidentalmente responsável, na infância, pela morte de seu pai adúltero. O resto, só vendo o filme para descobrir, mas adianto que fiquei satisfeita com as simplificações freudianas adotadas no roteiro da película.

Empolgado e surpreso por gostar tanto de um filme banal, recomendei “In My Sleep” para o amigo que tinha me enviado as mensagens no dia anterior, mas, talvez, o filme em si não seja o recado que quis transmitir, mas sim a ampliação de percepção a ele atrelada, a consideração de que subestimar é uma atitude que nos priva de melhoras súbitas. Numa cena incidental do filme, por exemplo, o protagonista fica constrangido ao constatar que fizera sexo com uma mulher que, acordado, considera horrível. Fica a dica...

Wesley PC>

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