quarta-feira, 4 de abril de 2012

O QUE MATA A JUVENTUDE É A BURRICE!

Atendendo ao pedido de um amigo em fase de pesquisa monográfica, assisti, na tarde de hoje, ao execrável exemplar de cinema moralista “Assassin of Youth/ The Marijuana Menace” (1937, de Emer Clifton). Ao contrário de produções semelhantes dirigidas por cineastas obscuros e pouco talentosos (ao menos, voluntariamente) como Dwain Esper e Louis J. Gasnier, este filme peca por não ser nem mesmo sub-repticiamente cômico. Ele se leva a sério, ele cria que realmente estava convencendo os jovens de que a maconha era o compêndio de maldades que o roteiro se equivoca em demonstrar.

No que pode ser chamado de trama, um jornalista investigativo disfarça-se como atendente de sorveteria a fim de descobrir o que está acontecendo com os jovens da cidade em que ele mora, visto que estes não raro envolviam-se em crimes, assassinatos, orgias e atividades do gênero. Não tarda para que ele se apaixone por uma jovem pura de nome Joan, difamada pela fofoqueira local por ter adormecido numa festa. A irmã de Joan, Marjorie [interpretada por Dorothy Short, que protagonizara o hilário “A Porta da Loucura” (1936, de Louis J. Gasnier), já resenhado aqui], sem que ela própria soubesse, havia se tornado uma usuária contumaz de marijuana e, como preconiza o médico local, ela tornou-se psicopata por causa disso, a ponto de ser flagrada com uma faca nas mãos, pronta para assassinar a mulher que se beijava com um pretendente sexual recorrente. Antes que os mal-entendidos do filme se resolvam e a mesma fofoqueira que difamou Joan antecipe-se em noticiar o seu casamento com o jornalista, uma sucessão troncha de situações é despejada na tela, montada de forma canhestra e partindo de exacerbações pecaminosas absurdas sobre o uso da maconha.

O que é interessante neste filme é que, ao contrário dos demais citados, a maconha em si não é tão ostensivamente mostrada. Os assassínios mencionados no título ocorriam mais por causa da corrupção dos traficantes domésticos – que, tal qual em outros filmes, apressavam-se em promover festas de arromba em suas casas, para inocular seus convidados com os mais diversos narcóticos – e da inassunção conseqüencial das práticas de amor livre do que necessariamente pela ingestão de tetrahidrocanabinol. Afinal de contas, nas situações mais criminosas que afligem os personagens, eles estão sob efeito de substâncias tóxicas postas em suas comidas ou bebidas sem o seu consentimento. Digo mais: se eu consegui resumir com um mínimo de inteligibilidade a trama deste filme é porque fui bastante paciente no que tange à aceitação dos atrozes defeitos de produção, direção, edição e roteiro desta obra, absolutamente estúpida em mais de um quesito. Seja como for, enquanto objeto de pesquisa, ele é obrigatório. Tenho este filme gravado em DVD. Quem quiser (re)vê-lo comigo, é só me procurar!

Wesley PC>

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