terça-feira, 24 de abril de 2012

E, POR UM TRIZ, EU NÃO ASSISTI A UM FILME DO ALEKSANDR SOKUROV ENQUANTO COMIA PIPOCA...

Quando eu era adolescente, era comum fantasiar sexualmente com meu pai desconhecido. Imaginava que ele não seria tão mais velho que eu e, quando finalmente nos conhecêssemos, ele compensaria a ausência com muitas ereções e ejaculações. Para minha própria sorte trágica, nunca conheci o meu progenitor: até hoje, não sei o que herdei dele...

Na tarde de hoje, enquanto analisava o conteúdo de um DVD repleto de filmes homoeróticos, deparei-me com um filme chamado “Pai e Filho” (2003), do hermético diretor russo Aleksandr Sokurov. Meu espanto foi imediato: como um cineasta tão influenciado, formal e conteudisticamente, por Andrei Tarkovsky poderia engendrar um longa-metragem remotamente interessante para o comumente epidérmico público ‘gay’? Como? Sinceramente, não creio que assistir ao filme tenha me ajudado a responder a esta pergunta, mas, juro, eu tentei!

Não sei o que posso falar sobre a trama do filme: oficialmente, pai e filho militares se conhecem após muito tempo separados um do outro. E, a fim de compensar a ausência, fantasiam sobre o passado e o futuro em que poderiam ou poderão estar juntos. Não raro, eles se abraçam completamente nus, confessando o amor irrestrito que sentem um pelo outro. A trilha sonora de Andrey Sigle irrompe e era como se eu me emocionasse, mas, no plano racional, era como se cada plano do filme apagasse os anteriores de minha memória: eu não consegui reter (e, por dedução, entender e/ou captar) o filme! Terei que vê-lo novamente, depois que receber o veredicto apreciativo do mais confiável de todos os meus amigos, lá em Goiânia. Por sorte, desisti de ver o filme comendo pipoca. No máximo, tomei uma sopa de cogumelos, depois que despertei do sono profundo que a sessão induziu em mim...

Wesley PC>

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