segunda-feira, 12 de março de 2012

QUANDO A MASTURBAÇÃO (ALHEIA) SE TORNA UMA RIVAL...

Dediquei um bom trecho de minha tarde de domingo à discussão sobre os efeitos nefastos da heterofobia entre ‘gays’ que se tratam como mulheres quando se sentem protegidos num gueto homossexual. Para meu contentamento orgânico, a discussão fluiu em direção ao entendimento mútuo, às impossibilidade taxonômicas e relativizantes sobre a heterogeneidade identitária de indivíduos eventualmente agrupados num mesmo rol de preocupações ou comportamentos. Na quinzena que vem, portanto, estaremos utilizando as palavras de Guy Hocquenghem como substrato teórico para entender o porquê de existirem heterossexuais adúlteros e procriadores que insistem em enfiar seus pênis melequentos nos ânus virginais de jovens quase deflorados na infância ou heterossexuais bem cotados no mercado carnal hodierno que se deixam ser chupados por um espermófago apaixonado ao menos duas vezes por semana. Pelo menos, quando este homossexual apaixonado chega antes da hora do banho...

Para além de uma frustração inicial em ser vetada a indispensável manipulação genital alheia, o heterossexual destacado na segunda classificação permitiu que o homossexual apaixonado levantasse a sua camiseta e cheirasse com afeto sincero o seu tórax encantatório e seu abdome cada vez mais proeminente – mas não menos encantatório. Houve amor durante aquela proibição ejaculatória desencadeada pelo excesso de masturbação solitária, de modo que, após o sono do referido heterossexual, coube ao dito homossexual apaixonado assistir ao filme do diretor canadense Denis Villeneuve que estava sendo exibido na TV: “Politécnica” (2009), sobre um massacre estudantil ocorrido em 1989, quando um rapaz armado invadiu uma classe de Engenharia Mecânica e assassinou a quase totalidade das mulheres da turma, pro confessar odiar feministas.

Filmado num belíssimo preto-e-branco, o filme só não se tornou melhor e mais impactante porque o diretor [nosso conhecido graças ao perturbador mas irregular filme “Incêndios” (2010)] exagera na autoconfiança trágica de seu roteiro e se perde em malabarismos formais desgastados após o definitivo enfoque dado a um tema semelhante no já clássico “Elefante” (2003, de Gus Van Sant). Mas foi um bom, belo e dramático filme mesmo assim. Coroou com chave reflexiva as discussões éticas de um bom dia, quando, numa cena-chave, uma carismática sobrevivente do massacre anti-feminista descobre que está grávida e escreve: "se for menino, eu o ensinarei a amar; se for menina, direi que o mundo lhe pertence". Quem negará a esta corajosa mãe tal direito?

Wesley PC>

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