segunda-feira, 19 de março de 2012

ECONOMIA POLÍTICA DA CULTURA (PRIMEIRO DIA DE ORIENTAÇÃO)

Às 16h45’ da tarde de hoje, encontrei-me com o meu orientador de Mestrado. Um professor celebérrimo do Departamento de Economia, que sugeriu que eu lesse seus próprios livros como orientação para uma linha dissertativa, deixando bem claro que o texto é meu, que ele quer me ajudar, mas não me limitar. Podar, se for necessário, mas não cercear o tema árduo e pouco explorado que eu escolhi para debater. Em mais de um momento, fiz o tal professor sorri. Dei-me por satisfeito num primeiro encontro.

Ao chegar em casa, um aperto no peito me tomava de assalto: não mais trabalho no setor mais atribulado da universidade, de modo que agora tenho mais tempo para ler e, concomitantemente, para me sentir solitário. O conhecimento tem como ônus eventual a incompreensão de nossos convivas. “A ignorância é uma bênção”, diz um lema senso-comunal, mas não quero isso para mim. E eu sorri. Mesmo sentindo-me solitário, eu sorri.

Liguei a TV, no afã por ver algo que pudesse me confortar. Escolhi um curta-metragem senegalês chamado “Le Franc” (1994), do cínico e muito inteligente Djibril Diop Mambéty. Na trama, um simpático pária é expulso de casa, sob a acusação de ser preguiçoso. Compra um bilhete supostamente premiado de loteria das mãos de um anão matreiro e cola o pedaço de papel na parede de madeira de seu quarto humilde. Mais tarde, descobre que, de fato, o bilhete fora premiado. Ele ganharia uma fortuna se conseguisse descolar o pedaço de papel da parede. Do outro lado da tábua, havia o pôster de um líder nacional, descrito por ele como “um Robin Hood africano”. Entristecido, ele leva o pedaço de tábua em que ambos os pedaços de papel estavam colados para a praia. E, na maravilhosa cena final do filme, uma definição cruel, realista e sarcástica do que seria Economia Política da Cultura explode na tela. Fiquei sem saber se sorria ou chorava...

Wesley PC>

2 comentários:

Jadson Teles disse...

Boa sorte, mais de uma vez! e eu fiquei impressionado com a sua resenha. preciso ver esse filme já!

Pseudokane3 disse...

Juro que não contei quase nada...

O filme do mesmo autor que vi em seguida me destruiu mais ainda: A PEQUENA VENDEDORA DE SOL. Perfeito! (WPC>)