sábado, 10 de março de 2012

“ATT (AMIGOS TAMBÉM TRANSAM)” VERSUS “TEU IRMÃO É DOENTE, ENTENDA!”

Acabei de ler o décimo-quarto capítulo do livro que estou lendo [“Um Dia”, do David Nicholls]. Intitulado “ser pai” e passado no dia 15 de julho de 2000, este capítulo versa sobre aquele período da vida das pessoas em que a maioria dos amigos se casam e têm filhos. Alguns se divorciam. E, para minha surpresa, muito do que li ali encontrou eco em eventos de minha vida recente. Talvez eu tenha forçado uma grande coincidência ao assistir ao filme ‘pop’ “Amizade Colorida” (2011, de Will Gluck) com uma amiga recém-divorciada, mas o fato é que o conjunto de coincidências me influenciou, me impressionou, me incomodou, me emocionou. Sinto-me prestes a ser humilhado, enquanto escrevo esse texto.

O filme, protagonizado por Mila Kunis e Justin Timberlake, é ruim. Começa bem, defendendo a possibilidade legítima de melhores amigos fazerem sexo eventualmente (incluindo a possibilidade do chamado “fio-terra”, ou seja, a inserção do dedo no ânus do parceiro masculino, a fim de estimular a sua excitação), mas encerra-se da forma mais irritante possíveis, forçando uma dramaticidade espúria a partir da conjugação de clichês de rompimento e Mal de Alzheimer. Conforme dito, assisti a este filme ao lado de uma amiga recém-divorciada e seu novo namorado. Ela ficou impressionada com a trama, se identificou, disse que a minha escolha enfiou um dedo em sua ferida relacional. Mal sabia ela que, por dentro, eu me impressionava com o tesão que seu namorado depositava em mim. Não havia gostado muito dele da primeira vez que nos vimos, mas, de ontem para hoje, vislumbro fantasiosa e insistentemente, a possibilidade de fazermos sexo a três. Ah, se esse mundo fosse justo...

Cheguei em casa disposto a ver mais um filme ‘pop’ sobre tema semelhante e forçar as coincidências e os desejos sexuais para-adúlteros ou semi-orgiáticos, mas meu irmão chegou bêbado(e/ou dopado de ‘crack’, a gente nunca sabe direito) e minha mãe achou de bom tom que tudo em nossa casa fosse silenciado, a fim de prestássemos atenção à depressão toxicomaníaca de meu irmão caçula e, assim, tomássemos conta dele, impendido que ele faça mal a si mesmo, a nós e aos outros. O argumento: “ele é doente. Não entender ou aceitar isso é ciúme, Wesley!”, diz minha mãe. De repente, recebo uma ligação de uma garota que trabalhou comigo há alguns anos. E, na escuridão de minha sala, eu sorri de novo neste sábado à noite...

Wesley PC>

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