quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

SOBRE AQUILO QUE PRETENDIA SER UM RELATÓRIO DE CONCLUSÕES TARDIAS (OU PONTUAIS) SOBRE OS EFEITOS COLATERAIS DE MEUS CINCO DIAS DE JEJUM FÍLMICO...

Apesar de ser classificado como senso comum, o conjunto de saberes associado a “aquilo que toda mãe sabe” costuma ser muito mais efetivo que qualquer outra prescrição. Dentre estes saberes, está uma recomendação que diz que não se deve entupir de comida alguém que tenha passado muito tempo sem se alimentar. Minha mãe costumeiramente desobedece a esta recomendação (risos), mas foi bastante respeitosa comigo no que tange à minha decisão de passar cinco dias inteiros sem ver qualquer filme após a divulgação de minha aprovação num Mestrado. E, após eu ter voltado ao meu consumo “normal” de filmes, concluí que eu não dependo dos mesmos em nível patológico ou vicioso, mas como condição suplementar de meu bem-estar intelectual e relacional. Não é que eu não consiga viver sem assistir a filmes, mas que eu vivo bem melhor agindo dessa forma. O primeiro mandamento da lei de Deus não foi descumprido aqui: amo a Deus acima de todas as coisas!

Restabelecido o caráter religioso de uma decisão que eu relutei bastante em assumir como sendo correlata àquele tipo de promessa ao qual os fiéis católicos costumam se fiar quando desejam obter uma determinada graça material, aproveito esta oportunidade para mencionar aqui o primeiro filme inédito que vi após estes meus cinco dias de supressão espectatorial cinematográfica: “Contra’s City” (1969) curta-metragem dirigido pelo senegalês Djibril Diop Mambéty, em que uma dupla de narradores (um homem e uma mulher) comparam as diferenças aberrantes de alguns aspectos contrastantes da capital Dacar: ela devaneia de satisfação diante das manifestações impositivas do poderio colonial e arquitetônico francês, enquanto ele insiste em, sardonicamente,demonstrar o quanto isso implica na exploração inclemente das condições populacionais e sociais locais. Não achei o filme tão interessante quanto o amigo virtual que mo recomendou, mas admito que o viés político adotado pelo cineasta, aqui estreante, é mui divertido em sua verve satírica. Terei várias oportunidades para rever o filme – inclusive, com mais atenção, visto que o caráter espetaculoso da sessão pós-jejum inibiu uma adesão mais conscienciosa ao relevante discurso político-denuncista do filme, mas, por ora, publicizo a minha satisfação em estar liberto de uma restrição fundamental. Por mais submetido às disjunções psicológicas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo que eu seja, não me submeterei voluntariamente a uma punição intelectiva como esta outra vez!

Wesley PC>

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