quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PONTO DE PARTIDA: UMA MARCA ARGENTINA DE BATOM!

Por pouco, “Luz Del Fuego” (1982, de David Neves) não seria um bom filme. Dirigido de forma oportunista, montado de maneira tosca e roteirizado de um jeito excessivamente consensual em relação aos fatos verídicos que marcaram a vida da polêmica Dora Vivacqua (1917-1967), mais tarde rebatizada por si mesma como Luz Del Fuego. Vegetariana e abstêmia de cigarro e bebidas alcoólicas, ela era famosa por suas apresentações de vedetismo, em que dançava nua com jibóias. Em meados da década de 1950, obteve a permissão da Marinha Brasileira para fundar a primeira colônia de nudismo do Brasil, num lugar que ela denominou Ilha do Sol, no Rio de Janeiro. Não conhecia sua história, mas, graças ao filme, protagonizado com muita garra e ousadia por Lucélia Santos, fiquei interessadíssimo na personagem.

Descobri que a data de seu nascimento, 21 de fevereiro, é agora relacionada ao Dia do Nudismo, e que ela foi assassinada em 19 de julho de 1967, sendo amarrada a uma pedra e atirada ao mar. Motivos políticos tiveram a ver com a sua morte, visto que ela fundou um partido em que defendia o direito alienável à nudez. No filme, a personagem se mete em conchavos pornográficos com figuras influentes e perigosas do poderio nacional, mas, segundo li nalguns artigos sobre ela, a sua defesa do naturismo é pautada na seguinte afirmação: “um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder". Concordo veementemente com ela!

Interessante no processo de descoberta e enfeitiçamento da personagem é que eu não lembrava que o filme seria exibido, não conhecia nada sobre ele e não gostei muito do modo como a personagem foi apresentada. Aos poucos, eu fui percebendo que ela era muito mais relevante do que as amarras comerciais do filme deixavam entrever. De modo que, agora, conhecer mais sobre esta militante orgânica e pioneira é prioridade epistemológica!

Wesley PC>

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