quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

“É MESMO UMA MERDA ESTA DEMOCRACIA: ATÉ PUTA ACHA QUE PODE TER DIREITOS!”

“Cuidá dum pé de milho
Que demora na semente
Meu pai disse: ‘meu filho, noite fria, tempo quente’

Lambada de serpente
A traição me enfeitiçou
Quem tem amor ausente já viveu a minha dor

No chão da minha terra
Um lamento de corrente
Um grão de pé de guerra
Pra colher dente por dente

Lambada de serpente
A traição me enfeitiçou
Quem tem amor ausente já viveu a minha dor”

(“Lambada de Serpente” – Djavan)

A canção acima estará eternamente associada ao filme cujo quadro de abertura é mostrado na fotografia. Em comum, filme e canção têm o fato de terem sido lançadas exatamente no mesmo ano: 1980. Não fiz esta associação propositalmente. Ouvi o disco “Alumbramento”, do qual a referida canção faz parte, inúmeras vezes antes de a sessão do filme começar. Terminado o filme, fiz questão de novamente ouvir o disco. Um compasso de melancolia une ambos os produtos artísticos, bem como algumas das intenções espectatoriais que eu aqui destaco. “Rapaz, melancólico, mas bom sim. Valeu a dica”: escreveu-me um amigo de trabalho ao final do filme. Por dentro, eu sorria: é um mundo injusto, mas cabe a nós enfrentá-lo”!

No filme, uma rapariga de nome Encarnação chega ao bordel titular onde trabalha a sua mãe Dolores. Neste local requintado, os desejos e taras bizarras dos clientes são a prioridade satisfatória. Uma das prostitutas é noiva. Outra delas é crente. Uma terceira finge-se de colegial. Todas juntas resolvem declarar greve quando se sentem exploradas pela patroa. Encarnação tem sua virgindade leiloada como solução para o conflito de interesses políticos básicos ostentado pelo extraordinário roteiro do diretor Ody Fraga. E, por dentro, eu sorria... Meu amor ausente se fazia presente na janela de minha imaginação refletida!

Wesley PC>

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